Ajustar as contas do país exigirá exercício de política, diz FHC

Marcos Coronato - Epoca

Para o ex-presidente, alguém terá de assumir o papel de negociador e defensor do acerto das contas publicas

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz um alerta aos que celebram o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Implementar política econômica não é uma questão técnica, é uma questão política", disse o líder tucano nesta terça-feira, dia 2. Fernando Henrique contou que, como ministro da Fazenda no governo Itamar Franco (de 1993 a 1994), seu principal papel era falar e convencer "outros ministros, o presidente e a sociedade" sobre a importância do controle das contas públicas e o combate à inflação.

Esse papel, na visão do ex-presidente, não precisa ser feito pelo próprio ministro da Fazenda, mas tem de ser assumido por alguém, com algumas características de líder e negociador. "O Levy é líder? Não sei, pode ser. Líder não é cargo, é exercício", disse. "Talvez o Levy tenha (essas características). Não vejo essas qualidades na presidente Dilma. O Lula tem, mas ele gosta de eleição, não de pensar em instituições", afirmou o sociólogo e ex-presidente.

Fernando Henrique afirmou que o maior problema do Brasil, no momento, é o ajuste das contas públicas. Mas insistiu que um desafio paralelo, tão sério quanto o ajuste fiscal, é "construir consenso", chegar "um denominador comum", que permita a definição de rumo para o governo e o país. "A Dilma foi eleita por uma metade do país, mas terá de governar para a outra", disse. 

"O governo está perplexo. Percebeu que o caminho em que ia daria num buraco. Mas agora não sabe para onde vai". O ex-presidente mostrou-se esperançoso e definiu-se como um "crente".

"Não quero ser um otimista envergonhado, como sou hoje, quero voltar a ser um otimista sorridente", disse. A análise foi feita em São Paulo, no evento de comemoração de cinco anos de criação da corretora Empiricus.

     fonte rota2014

 

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