Em CPI, Paulo Roberto diz que roubalheira é
generalizada e que esquema corrupto da Petrobras está em vigência em
todos os órgãos do governo
Paulo
Roberto Costa falou pouco na CPMI da Petrobras, na sessão marcada para
uma acareação entre ele e Nestor Cerveró, ex-diretor da área
Internacional da empresa. Falou pouco, mas bem mais do que o governo e a
oposição esperavam. Ex-diretor de Abastecimento da estatal, ele fez um
acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Deixou
claro, de saída, que não poderia entrar em detalhes, mas, ainda assim,
foi inequívoco e disse que reafirma todo o conteúdo da delação premiada.
Foi além. Segundo disse, o esquema de roubalheira semelhante ao da
Petrobras funciona também nas outras áreas da administração, a saber:
“nas rodovias, portos, ferrovias e aeroportos”.
Muito bem,
leitores! Desde que esse escândalo veio à luz, tenho insistido neste
aspecto: se uma quadrilha de criminosos se apoderou da Petrobras, por
que seria diferente nas outras estatais e nos organismos diretamente
vinculados a ministérios? Não há razão para ser. Afinal, os critérios
para nomear diretores de outras estatais ou de autarquias do governo são
os mesmos: loteamento entre partidos. Volto à minha pergunta de sempre:
por que uma legenda faz tanta questão de ter a diretoria de uma empresa
pública? Por ideologia, convenham, não é. Se a safadeza na Petrobras
assume proporção multibilionária, imaginem o que se passa no conjunto do
país.
Paulo
Roberto admitiu ter assumido a diretoria de Abastecimento em razão de um
arranjo político, indicado pelo PP. Disse ter saído em 2012 porque não
aguentava mais as pressões: “Às vezes você entra em um processo e não
tem como sair. Mas eu saí. Saí em 2012, mas o processo continuava.”
Então pensemos: os cargos continuam a ser indicados em razão da
influência política? A resposta, obviamente, é “sim”. Tanto é verdade
que Sérgio Machado deve deixar de vez a presidência da Transpetro, e
caberá ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informalmente
ao menos, indicar o substituto.
E-mail
Costa referiu-se ao e-mail que ele enviou em 2009 à então ministra Dilma Rousseff, revelado por reportagem de VEJA. Só para lembrar: na mensagem, ele alertava para o fato de que o TCU recomendara a suspensão de recursos para obras da Petrobras — justamente aquelas em que havia corrupção. E Paulo Roberto sugere que o governo deveria ignorar as advertências. E Lula as ignorou, é bom destacar.
Costa referiu-se ao e-mail que ele enviou em 2009 à então ministra Dilma Rousseff, revelado por reportagem de VEJA. Só para lembrar: na mensagem, ele alertava para o fato de que o TCU recomendara a suspensão de recursos para obras da Petrobras — justamente aquelas em que havia corrupção. E Paulo Roberto sugere que o governo deveria ignorar as advertências. E Lula as ignorou, é bom destacar.
O
ex-diretor da Petrobras, nesse particular, contou uma história um pouco
inverossímil: disse que só mandou o e-mail porque estava “enojado” com o
que se passava na empresa. Não dá par cair nessa conversa. Membro ativo
da quadrilha, o texto sugere que ele estava é preocupado com a
possibilidade de ver secar a fonte. Ele sustenta ainda que o petista
José Sérgio Gabrielli, então presidente da estatal, teve conhecimento
prévio da mensagem. De todo modo, aquele e-mail revela que Dilma e Lula
tinham como ter estancado a sangria.
E as
provas? Paulo Roberto responde: “Não tem nada na delação que eu não
confirme. É um instrumento extremamente sério. Não pode ser usado de
artifício. O que está lá, eu confirmo. Provas? Estão existindo, estão
sendo colocadas. Falei de fatos, dados e das pessoas. Tudo o que eu
falei eu confirmo”. A terra ainda pode tremer. Até porque ele reafirmou
que “algumas dezenas” de políticos estão envolvidos na roubalheira.
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