VOTO AÉCIO NEVES 45
Marcela Mattos - Veja
Documento obtido pelo site de VEJA mostra que João Vaccari Neto tem a função-chave de representar a candidata no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Desde que o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa veio a público, a campanha da presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) entrou em pânico: criou uma força-tarefa para evitar que as novas revelações causassem estrago no projeto de reeleição da petista, redobrou os ataques ao adversário Aécio Neves (PSDB) e barrou o depoimento do tesoureiro João Vaccari Neto à CPI da Petrobras. Não à toa: nove anos após o estouro do escândalo do mensalão, outro homem-forte responsável por cuidar das contas do partido aparece às voltas em um caso de corrupção, agora como o pivô de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro. Paulo Roberto Costa afirmou que parte da propina desviada da estatal chegou às mãos de Vaccari. “Dentro do PT, a ligação que o diretor de serviços tinha era com o tesoureiro na época do PT, o senhor João Vaccari. A ligação era diretamente com ele”. Ainda segundo o delator, dois terços da propina ficavam para o PT quando a diretoria era comandada pelo PP. Já nos setores diretamente controlados por petistas, a propina seguia diretamente para o caixa do partido.
A função de Vaccari, no entanto, vai além de cuidar do financeiro do PT:
ele tem posto privilegiado no projeto eleitoral da presidente Dilma.
Documento obtido pelo site de VEJA mostra que o tesoureiro foi nomeado
delegado da campanha de Dilma e tem a função-chave de representar a
candidata no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tamanha é a autonomia
que Vaccari, tem, inclusive, a prerrogativa de fazer petições e assinar
as credenciais dos fiscais da coligação.
Ao lado dele estão outros quatro delegados – todos ocupam posições no
projeto de reeleição de Dilma: o secretário-geral do PT, Geraldo Magela,
deputado federal derrotado na única vaga ao Senado pelo Distrito
Federal; o ex-presidente do diretório paulista do PT e tesoureiro da
campanha, Edinho Silva; o ex-ministro do TSE, Arnaldo Versiani, e Luis
Gustavo Severo, ambos responsáveis pela área jurídica da campanha.
Embora tenha sido apontado como a ponte para o recebimento da propina, o
PT tem se mostrando reticente a afastar o tesoureiro. Ao contrário:
saiu em defesa dele e processou Paulo Roberto Costa por difamação.
Durante debate entre os candidatos à Presidência realizado no último
domingo, Dilma evitou se voltar contra Vaccari. Questionada por Aécio se
confia no tesoureiro, a presidente tergiversou: “Da última vez que um
delator denunciou pessoas do seu partido, no caso do metrô e da compra
dos trens, o senhor disse que não ia confiar na palavra de um delator.
Eu sou diferente. Eu sei que há indícios de desvio de dinheiro. O que
ninguém sabe é quanto foi e quem foi. Isso é muito importante”, disse.
VEJA
O tucano insistiu na pergunta, ressaltando os tentáculos do esquema de
propina podem alcançar outros órgãos, como a hidrelétrica de Itaipu, da
qual Vaccari integra o Conselho de Administração. Mas a presidente
novamente se esquivou: “Eu mando investigar. Eu faço questão que a
Polícia Federal investigue. Eu não transferi nenhum delegado para outro
Estado, eu não engavetei processos. É isso que não pode ocorrer no
Brasil”, disse.
Conforme mostra o site da Itaipu, também faz parte do Conselho de
Administração do órgão o ministro licenciado da Casa Civil e
braço-direito de Dilma Aloizio Mercadante, cotado para assumir o
Ministério da Fazenda caso a petista seja reeleita. Mas a relação de
Mercadante e Vaccari vem de longa data: nas eleições de 2002, quando
conquistou a vaga no Senado, o ex-ministro tinha Vaccari como segundo
suplente.
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