ANDREZA MATAIS E FÁBIO FABRINI - O ESTADO DE S. PAULO
Em reunião em Minas, Durval Ângelo (PT-MG) atribui desempenho da presidente nas pesquisas de intenção no Estado à 'contribuição' da empresa; imagens foram obtidas pelo 'Estado'
Numa reunião com dirigentes dos Correios em Minas Gerais, com a presença
do presidente da empresa pública, Wagner Pinheiro, o deputado estadual
Durval Ângelo (PT-MG) afirmou que a presidente Dilma Rousseff só chegou a
"40%" das intenções de votos em Minas Gerais porque "tem dedo forte dos
petistas dos Correios". Um trecho gravado da reunião, realizada na
última quinta-feira, foi obtido pelo Estado.
"..Se hoje nós temos a capilaridade da campanha do [Fernando] Pimentel
[candidato do PT ao governo de Minas] e da Dilma em toda Minas Gerais,
isso é graças a essa equipe dos Correios." O deputado diz, ainda, que "a
prestação de contas dos petistas dos Correios será com a vitória do
Fernando Pimentel a governador e com a vitória da Dilma".
Todo discurso é acompanhado pelo presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, que não se manifesta no trecho ao qual o Estado teve acesso. Pinheiro está sentado à mesa ao lado do deputado Durval Ângelo e não o interrompe. O parlamentar, que integra o Diretório Nacional do PT e é coordenador político da campanha de Pimentel, pede ao presidente dos Correios que informe à direção nacional do partido sobre "a grande contribuição que os Correios estão fazendo" nas campanhas.
"... A Dilma tinha em Minas Gerais, em alguns momentos, menos de 30%. Se
hoje nós estamos com 40% em Minas Gerais tem dedo forte dos petistas
dos Correios. Então, queremos que você leve à direção nacional do PT,
que eu também faço parte do diretório, mas também à direção nacional da
campanha da Dilma, a grande contribuição que os Correios estão fazendo."
E prossegue: "Muitos companheiros tiraram férias, licença, que têm como
direito, ao invés de estarem com suas famílias passeando, estão
acreditando no projeto."
O deputado diz, na gravação, ter uma "parceria antiga com gigantes que
representam os Correios" e cita nominalmente o diretor regional dos
Correios em Minas Gerais,Pedro Amengol, o assessor do gabinete da
diretoria, Lino Francisco da Silva, e o gerente regional de vendas dos
Correios, Fábio Heládio, os três ligados ao PT. '"...No
dia da reunião que nós tivemos no hotel [da qual participou Pimentel], o
Helvécio [Magalhães, coordenador da campanha do petista] falou: "Vou
reunir com a equipe ainda esta semana e vamos liberar a infraestrutura.
E, se hoje nós temos a capilaridade da campanha do Pimentel e da Dilma
em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos Correios.""
O deputado contou que várias reuniões foram realizadas no Estado por
funcionários dos Correios para trabalhar pelas campanhas: "Os Correios
trabalharam com as 66 mesorregiões [de Minas]. Fizemos reuniões em todas
e nas macrorregiões, regiões assim como Governador Valadares, com 40
cidades, assim como 30 cidades do Sul, em Viçosa tinha 70 cidades. Onde
eu tive perna eu fui acompanhando."
Na última semana, o Estado revelou que os Correios abriram uma exceção para entregar,
sem chancela, 4,8 milhões de folders da campanha de Dilma Rousseff no
interior de São Paulo. A chancela ou estampa digital serve como
comprovação de que o material entregue pelos carteiros foi realmente
postado nos Correios e distribuído de forma regular, mediante pagamento.
Dez partidos de oposição também foram beneficiados com a exceção para
enviar 927,7 mil unidades sem chancela.
Outro lado. O
presidente dos Correios afirmou, por meio da assessoria, que "os
Correios não estão contribuindo com a campanha de qualquer candidato".
Ele confirmou que participou da reunião em Minas Gerais, na última
quinta-feira, após cumprir agenda de trabalho na capital mineira - a
sede dos Correios fica em Brasília. "A reunião não ocorreu durante o
expediente e a empresa não custeou despesas relacionadas a ela." A
assessoria informou que "durante o período da tarde, o presidente
participou de reuniões de trabalho na Diretoria Regional dos Correios de
Minas Gerais e de evento do Plano de Demissão Incentivada para
Aposentado dos Correios."
O deputado Durval Angêlo não respondeu aos telefonemas do Estado. A
assessoria de campanha da presidente Dilma Rousseff, procurada, afirmou:
"A campanha não mobiliza funcionários da empresa. A única relação da
campanha com os Correios ocorre mediante prestação de serviços pagos,
como já informado anteriormente ao Estado de S. Paulo".
A campanha de Pimentel afirmou que ele tem se reunido e recebido apoio
de vários segmentos de servidores em Minas Gerais, incluindo dos
Correios. "É algo corriqueiro na campanha", afirmou a assessoria. Na
última semana, por exemplo, o candidato esteve com funcionários da
estatal num encontro organizado pelo diretor dos Correios em Minas,
Pedro Amengol.
"Demonstramos o apoio do coletivo de trabalhadores e trabalhadoras dos
Correios que está organizado há mais de dez anos no estado", afirmou
Amengol, conforme noticiado no site da campanha. Procurado, Amengol não ligou de volta para o Estado.
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