VOTE AÉCIO NEVES 45
Infelizmente, no Brasil, a ação imoral e antiética de políticos e autoridades não parece ser motivo para os eleitores defenestrarem seus nomes nas urnas. Muita gente, se puder, ainda dá um jeito de tirar sua lasquinha
De tudo o que já aconteceu nesta campanha eleitoral, da morte trágica de
Eduardo Campos à virada espetacular de Aécio Neves no primeiro turno,
dos ataques impiedosos a Marina Silva às manipulações de dados e
informações pelo PT, talvez nada seja tão surpreendente quanto a
resistência da candidatura da presidente Dilma Rousseff, do PT, à
reeleição.
Diante do uso descarado da máquina pública federal em benefício de Dilma e da série inesgotável de escândalos envolvendo o seu governo e o PT, é difícil, quase impossível, acreditar, para quem ainda bota fé na humanidade, que dezenas de milhões de eleitores simplesmente fechem os olhos a tudo-isso-que-está-aí e ainda se proponham a votar nela nas eleições do próximo domingo, dia 26.
Diante do uso descarado da máquina pública federal em benefício de Dilma e da série inesgotável de escândalos envolvendo o seu governo e o PT, é difícil, quase impossível, acreditar, para quem ainda bota fé na humanidade, que dezenas de milhões de eleitores simplesmente fechem os olhos a tudo-isso-que-está-aí e ainda se proponham a votar nela nas eleições do próximo domingo, dia 26.
Como estamos cansados de saber, essa resistência se deve, em boa medida,
à central de infâmias montada pelo PT contra seus adversários,
coordenada pelo marqueteiro João Santana, que tem pouco ou nenhum
compromisso com a verdade para criar suas peças de propaganda. Deve-se
também aos 14,6 milhões de beneficiários do Bolsa-Família, que recebem
um “salário” do governo federal todos os meses. Na falta de outros
argumentos para cativar o eleitorado, o PT promove o terrorismo nas
comunidades de baixa renda, espalhando de forma criminosa o boato de que
os programas sociais serão suspensos se a oposição ganhar o pleito. Os
caciques do PT até defendem isso abertamente nos programas eleitorais no
rádio e na TV, sem a menor cerimônia, como se incorporassem o espírito
de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter criado pelo escritor Mário de
Andrade no início do século passado.
Se deduzíssemos os beneficiários do Bolsa-Família do eleitorado de
Dilma, ainda lhe sobrariam cerca de 50 milhões de eleitores, caso os
dados da última pesquisa do Datafolha, na qual Dilma aparece com 46% das
preferências, equivalentes a cerca de 65 milhões de votos, estejam
corretos. Mesmo se, num arroubo de generosidade, multiplicássemos por
dois o número de beneficiários do Bolsa-Família, ainda restariam 35
milhões de pessoas decididas a votar em Dilma, em meio ao lamaçal em que
chafurdam o PT e seu governo.
Infelizmente, no Brasil, a ação imoral e antiética de políticos e
autoridades não parece ser suficiente para os eleitores defenestrarem
seus nomes nas urnas. Ao contrário. Muita gente, se puder, ainda dá um
jeito de tirar a sua lasquinha. Talvez, o melhor (ou pior) exemplo dessa
triste realidade seja o velho Ademar de Barros (19801-1969), o
ex-governador de São Paulo, que se tornou conhecido pelo slogan “rouba,
mas faz”, por conta das negociatas que promovia quando estava no poder.
Apesar disso, Ademar sempre contou com o apoio popular e a certa altura
decidiu até incorporar o slogan em suas campanhas eleitorais.
Em 2005, na reeleição de Lula, quando pipocavam as denúncias escabrosas
do Mensalão, não foi diferente. Mesmo sabendo do envolvimento de vários
caciques do PT e do governo no Mensalão e das suspeitas existentes sobre
a participação do próprio Lula no propinoduto montado pelo partido,
milhões de eleitores brasileiros deram seu aval nas urnas à reeleição.
Agora, em meio aos escândalos do Petrolão e a uma série indescritível de
casos de corrupção que derrubariam o governo de qualquer país sério do
mundo, a candidatura do PT mostra, mais uma vez, uma resiliência
incompreensível – ao menos até o momento.
Hoje, o “rouba, mas faz” de Ademar de Barros parece mais atual do que
nunca. Seu slogan, porém, ganhou uma nova versão – o “rouba, mas
distribui”. Como acontecia com a velha esquerda marxista-leninista
brasileira, que apoiava (e muitos ainda apoiam) as ditaduras de Joseph
Stálin e Mao Tsé Tung, mesmo diante das atrocidades cometidas pelos dois
líderes, muitos dos partidários de Dilma e do PT prefirem fazer vistas
grossas aos pecados capitais do partido e de seus gurus. Tudo,
aparentemente, em nome da causa maior da igualdade pregada pelos
socialistas e comunistas, que seria encarnada por direito divino pelos
petistas e pelo PT, em detrimento da liberdade de expressão e da
pluripartidarismo garantidos pelas “democracias burguesas”. Ou, então,
para manter a "boquinha" e os privilégios conquistados com a já
longínqua ascensão ao poder.
FONTE ROTA2014
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