editorial de O Globo
A atual recessão, tudo indica a maior desde a provocada pela crise
mundial de 1929/30, tem a particularidade de ter sido causada
internamente, por erros de política econômica, cometidos a partir do
segundo governo Lula e aprofundados em Dilma 1. Mas seus efeitos sobre a
população são os de toda recessão: desemprego e queda de renda.
A crise apanha o Brasil depois de duas décadas da estabilização
promovida pelo Plano Real. A inflação esteve contida, foi possível
melhorar a distribuição de renda, mas tanto tucanos quanto petistas
elevaram ao extremo a carga tributária, até chegar em 36% do PIB, a mais
alta entre as economias emergentes. E ainda engessaram e indexaram
gastos públicos.
Agora, na crise, os governos, a começar pelo federal, do PT, querem
evitar o caminho indicado das reformas e de cortes drásticos no custeio,
para não arcar com ônus político, e tentam fazer mais do mesmo: aumento
de impostos. A margem para isso, porém, não existe.
Em café da manhã com jornalistas, ontem, a presidente Dilma voltou a
defender a volta da CPMF e discorreu sobre a tese mais do que discutível
de que reequilibrar o Brasil, num quadro recessivo, implica aumentar
impostos. Já quem os paga está perdendo o emprego e sendo asfixiado por
uma inflação que continuará, este ano, acima do teto da meta, de 6,5%.
Ontem, por sinal, o IBGE divulgou a taxa de desemprego do trimestre de
agosto a outubro do ano passado, segundo a Pnad Contínua: 9%, a mais
elevada desde o início da série deste índice, em 2012. A tendência
continua a ser de alta.
Debate-se muito a CPMF, mas o Planalto, governos estaduais e prefeituras
de capitais já começaram a elevar impostos. Mesmo que, como se espera, o
Congresso rejeite a equivocada ressurreição do “imposto do cheque”, a
carga tributária já começou a subir.
Levantamento feito pelo G-1 relacionou elevação de impostos — de
alíquotas ou do valor do bem a ser taxado — em 20 estados e no Distrito
Federal. No plano federal, por MPs, já se passou a taxar, de forma
progressiva, os ganhos de capital, elevou-se o gravame sobre os juros do
capital próprio das empresas — o que reduzirá seu caixa para
investimentos —, acabou-se o incentivo tributário a eletrônicos e foi
extinta a isenção das remessas ao exterior para turismo, educação e
saúde. Há mais, inclusive no âmbito municipal.
Existe, portanto, uma onda de arrocho tributário sobre a população, com
destaque para o ICMS, imposto estadual tão iníquo quanto a CPMF: atinge
do mesmo jeito pobres e ricos, porém pesa mais, proporcionalmente, sobre
a renda dos mais pobres. Que pagam sem saber.
Desemprego, inflação e choque tributário formam um coquetel indigesto
capaz de desestimular ainda mais o consumo e o investimento. Para Suas
Excelências manterem um aparato estatal que abocanha 40% do PIB.
extraídaderota2014blogspot
0 comments:
Postar um comentário