por Ronaldo Caiado Folha de São Paulo
Desde 2014, assistimos a um festival de mentiras que tentam explicar o
fracasso econômico do governo do PT. Incluíram nesse "pot-pourri" desde a
esgotada crise internacional até o excesso de feriados!
Um conjunto de argumentos que completava a negação das escolhas
ideológicas, que passaram pela ampliação de despesas fiscais, rompimento
de contratos (setor elétrico e Petrobras) e compra desenfreada de apoio
político por aparelhamento da máquina pública. Aliás, Dilma só usa o
seu mandato em benefício próprio e para blindar aliados envolvidos em
corrupção.
Mal começou 2016 e a farsa continua. O núcleo ideológico segue intacto,
com o governo rejeitando a redução de seu tamanho ao mesmo tempo em que
aumenta tributos e sonha em ressuscitar a CPMF.
O governo ignora que sua falha estrutural, ou seja, sua forma de ver o
país, contamina as perspectivas de todos os agentes econômicos. A
exemplo do que foi feito no ano passado, quando a receita projetada no
Orçamento foi R$ 173 bilhões acima da realizada, o governo manobrou para
elevar a estimativa deste ano, ao propor um crescimento de 16,5% em
relação à arrecadação de 2015.
Essa estratégia pode ser traduzida da seguinte forma: quanto maior a
estimativa de receita orçamentária, maior o volume de gastos que podem
ser autorizados.
Essa é a semente do expansionismo fiscal que, certamente, resultará no
novo deficit de 2016, e, a partir daí, redobra-se a pressão
inflacionária.
Nessa trilha de não solução, todos sabem, o pior está por vir. O poder
de compra das famílias continuará caindo, com mais angústia e menor
bem-estar. O desempenho da atividade econômica de 2015, entre -3,5% e
-3,7%, que nasceu de erros e negações, converteu-se na maior recessão
desde 1990, quando o PIB (Produto Interno Bruto) recuou 4,35%.
Ao mesmo tempo em que promete equilibrar as contas fiscais, o governo
propõe uma nova rodada de incentivos aos segmentos "vencedores"
(construção civil, por exemplo), com novos créditos a custos abaixo dos
de mercado, sob a alegação de que os bancos oficiais podem repassar aos
tomadores os custos (segundo o governo) mais reduzidos de captação,
independentemente do risco que isso representa. Essa é a mesma
estratégia que jogou o país nessa situação.
Os intervencionistas estão em busca de um atalho que não existe para
sair da crise. Na cabeça petista, esses setores comprariam bens e
serviços de outros. E por um efeito multiplicador a propagação por toda a
economia retiraria o país da crise.
Contudo, não bastasse a baixíssima credibilidade do governo, que não
deixa prevalecer os efeitos positivos, o mecanismo proposto implica
ampliação da despesa fiscal.
A menor rentabilidade dos bancos implicará menor dividendo para o Tesouro.
Esse é o canal pelo qual as finanças federais são esgarçadas. Os agentes
econômicos, diferentemente da opinião pública que não é especialista,
percebem essa contaminação das contas fiscais e se retraem, anulando a
intenção do governo.
Essa conjuntura exigiria um governo com capacidade de condução política,
mas os erros negados e o posicionamento ideológico travam qualquer
chance de recuperação por solução dos problemas. É um novelo clássico de
governo incapaz: é incapaz porque é frágil e é frágil por ser incapaz.
A solução continua sendo, pelo conjunto da obra (e não menos relevante,
pelas perspectivas), o impedimento da presidente, visto que o país não
suporta mais negações e tampouco fantasias e mentiras.
extraídaderota2014blogspot
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