VLADY OLIVER
O que ninguém ainda procurou decifrar ─ e acho que um pensador jovem como o Rodrigo Constantino poderia iluminar o pântano com sua lanterna ─ é por que essas seitas ganham adeptos tão rapidamente por aqui. Que condições sociais, históricas e antropológicas concorrem para criar os abismos a que e refere aquele articulista? Que outras seitas seriam beneficiárias da miopia da sociedade para com as liturgias destas que aí estão? O que é moral e o que não é para esses ilustres passistas dessas escolas de samba sem harmonia?
Todos aqui, em maior ou menor grau, toleram algum tipo de grupamento. É raro não pertencer a algum, aliás. Os mais tolerantes ainda apostam em suas respectivas tolerâncias, para suportar as intolerâncias alheias. Quando não, são acusados de preconceituosos, antiquados e alheios à realidade, o que em absoluto não deixa de conter um fundo de verdade, pelo avesso. Não se resolve o problema com mais libertinagem, e sim com menos. Com mais anarquia, e sim com menos. Com mais coletivismo, e sim com menos.
Para isso é necessário que o tal “pau que dá em Chico também dê em Francisco”, não como figura retórica de um bando de meliantes em confronto, mas como exemplo inequívoco de que a lei é para todos. Hoje não é. Para fazer valer a lei, determinadas seitas precisam ser enquadradas de acordo com seus delitos, mas outras castas também serão questionadas em suas verdadeiras ascendências no poder. Afirmo que são complementares. É da malemolência de uma igreja católica que se alimenta uma neo-evangélica; é do excessivo conservadorismo político que se alimentam os socialistas de todas as matizes; é um liberalismo acanhado a rede de proteção de um comunismo calhorda e por aí vai.
Uns acobertam a militância dos outros e até vibram na mesma sintonia e simpatia, torcendo para que deem certo. Não darão. É do embuste fundamental de suas estruturas que emana o produto que ninguém quer, o projeto que quer calar os dissidentes, o autoritarismo imprescindível para que pensem em manada e contaminem o resto. Um país decente e sem pirambeiras morais seria imprescindível para frear essa escalada orangotanga por aqui. Não temos elite pensante, pensamento crítico, liberdade de expressão e desconfiômetro para sabermos que o cheiro desse cadáver na sala já está ficando insuportável para narinas mais apuradas.
Quando a plebe rude se der conta do que está sendo tramado contra ela, não duvido que a insubordinação civil alcance os limites do tolerável por aqui. Cria corvos e eles lhes comerão os olhos. Simples assim
extraídadecolunadeaugustonunesopiniãoveja
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