por Aécio Neves FOLHA DE SÃO PAULO
Agora é oficial: com a queda de 1,9% do PIB no trimestre, o país entra de vez em grave recessão. Carimbada e assinada pelo PT.
A notícia é catastrófica e triste. Assusta pelo tamanho e profundidade, e
entristece pelos danos causados à sociedade e pela ineficácia das
propostas apresentadas pelo governo para superá-la.
Nunca em nossa história republicana ostentamos tantos índices ruins. O
tamanho do rombo na economia é proporcional ao desgoverno em ação. Com
rara originalidade e exemplar mediocridade, o primeiro governo da
presidente Dilma fez um estrago considerável nas contas publicas. Agora
não adianta chorar o leite derramado, alegar desconhecimento prévio das
dificuldades e impor ao país uma cota de sacrifícios que está levando a
nossa economia à bancarrota.
É preciso consertar o mal feito. Mas alguém acredita que sairá alguma
solução eficaz deste emaranhado de ideias frouxas e reencarnações
assustadoras, como a tentativa de recriação da CPMF? Neste filme de
horror, as vítimas são as mesmas: os trabalhadores perdem os seus
empregos, as famílias pobres perdem os seus benefícios, os segmentos de
classe média perdem as duras conquistas advindas desde a
redemocratização do país.
Não adianta culpar o mundo. Quem não cresce é o Brasil, que ostenta um
dos piores desempenhos entre os emergentes. A crise é 100% nacional,
criada e alimentada no Brasil, com insumos preparados nos laboratórios
petistas. O governo não apenas demorou a enxergar a crise, como
postergou as medidas de correção e perdeu importantes oportunidades
possíveis de reorientar o país para o crescimento.
Foi um desastre e tanto, agravado pelas revelações de um esquema de
corrupção sem similar em magnitude no mundo, arquitetado para enriquecer
alguns e sustentar um projeto longevo de poder. O resultado de tal
combinação é trágico.
Nos últimos meses, milhares de trabalhadores perderam seus empregos formais.
Entre os jovens até 24 anos, a perspectiva é de um dramático crescimento
no número de desempregados nos próximos seis meses. A inadimplência
cresceu, o consumo caiu, o brasileiro ficou mais pobre.
Nos tempos de bonança, o país não cuidou dos problemas estruturais e das
reformas indispensáveis. O retrato é este: indústrias paralisadas,
carga tributária excessiva, inflação crescente, juros na estratosfera e
desconfiança generalizada dos agentes econômicos.
O país quer e precisa olhar para o futuro. Voltar a sonhar. Antes,
porém, precisamos dos olhos bem abertos e de toda a nossa energia e
coragem para denunciar as mentiras que ajudaram a erguer a falácia do
governo que finge nos governar. A solução para as diversas crises que
enfrentamos terá que ter necessariamente como matéria prima a verdade.
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