Jornalista Andrade Junior

domingo, 5 de julho de 2015

"Os últimos da fila",

por Nelson Motta O Globo

Sabem o que aconteceu nos 22 estados americanos que liberaram o uso e plantio da maconha? Nada, absolutamente nada, o crime não aumentou, nem diminuiu


Um dos países mais atrasados do mundo em políticas para drogas, o Brasil tem a tênue esperança de um tardio avanço na próxima decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a descriminalização dos usuários. Muitos são contra por ignorância: em recente pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, 75% das pessoas dizem não ter informações para fazer um juízo sobre drogas. As resistências mais fortes são dos evangélicos e da Igreja católica, unidos contra a liberdade individual. Mas o Brasil é laico, religiões não mandam nada no Estado.
Sabem o que aconteceu nos 22 estados americanos que liberaram o uso e plantio da maconha? Nada, absolutamente nada, o crime não aumentou, nem diminuiu, as lanchonetes não foram invadidas por hordas de doidões famintos, nada mudou na vida das famílias e das instituições, não se bebeu mais nem menos do que antes, as internações hospitalares ficaram estáveis, não aumentou nem diminuiu o consumo de cocaína, heríina ou metanfetamina, ou as prisões por crimes ligados a drogas pesadas. É um tédio: não mudou nada.
A única mudança relevante foi no Colorado, onde a arrecadação de impostos com a plantação e comercialização de maconha superou a expectativa do orçamento e cada contribuinte recebeu restituição de U$ 7,45 no seu imposto de renda estadual.
Mesmo se a pior direita republicana assumir o poder, enquanto as instituições democráticas funcionarem, é um caminho sem retorno. É quase impossível voltar a uma proibição depois de anos de uma liberação que se mostrou inócua. O mais provável é que outros estados venham a aderir à liberação. Ou vão preferir manter os custos da proibição inútil em vez de controlar o consumo e receber milhões em impostos, agora que 22 estados provaram que os perigos da liberação eram fantasias?
Em Lisboa, cidade com o segundo índice mais baixo de criminalidade da Europa, onde se pode andar sozinho e seguro na rua a qualquer hora, há mais de três anos cada um planta e fuma o que quiser e nada acontece. Já no Rio de Janeiro, a maconha é proibida e combatida ferozmente, queimando tempo, dinheiro e vidas, mas ninguém pode andar na rua em paz.
extraídaderota2014blogst

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