A empregada
doméstica Reinasci Cambuí de Souza prestou depoimento ao juiz federal
Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, na
sexta-feira, 26. Denúncia do Ministério Público Federal contra os
ex-deputados Pedro Corrêa e sua filha, Aline Corrêa, ambos do PP, e mais
5 pessoas, aponta que Reinasci foi usada para desviar R$ 622 mil da
Câmara dos Deputados.
“Seu Ivan pegou meus documentos uma vez e levou para a Câmara. Só que eu
nunca trabalhei na Câmara, não, e nunca recebi salário da Câmara, não.
Eu trabalhava na casa do Ivan Vernon (então assessor de Pedro Corrêa),
de empregada doméstica”, disse Reinasci à Justiça Federal, em audiência
por videoconferência. “Eu sempre confiei nele, trabalhei 17 anos com
ele.”
Os dois ex-deputados e Ivan Vernon estão respondendo por peculato. Pelos
cálculos da Procuradoria da República, o valor indevidamente desviado e
apropriado pelos denunciados a título de remuneração paga indevidamente
a Reinasci alcança o valor mínimo de R$ 246.663,29, entre 11 de junho
de 2003 e 15 de março de 2006, e de R$ 375.734,47 entre 11 de outubro de
2007 e 31 de maio de 2012, em um total de R$ 622.397,76, em valores não
atualizados.
“Por meio da indicação fraudulenta da funcionária fantasma, ainda, os
mesmos denunciados obtiveram vantagens ilícitas, em prejuízo da União
Federal, levando-a a erro, mediante artifício de incluir nos quadros de
funcionários de gabinete, no Congresso, funcionária fantasma”, sustenta o
Ministério Público Federal na denúncia.
Reinasci foi nomeada para o cargo de Secretária Parlamentar em duas
ocasiões. Segundo registros da Câmara, ela teria trabalhado para os
ex-parlamentares Pedro Corrêa, entre 2003 e 2006, e depois para Aline
Corrêa, entre 2007 e 2012. O ex-deputado está preso preventivamente
desde 10 de abril pela Lava Jato. Sua filha responde ao processo em
liberdade.
“Vi (Pedro Corrêa) uma vez, pessoalmente, na casa do seu Ivan. Mas nunca
conversei com ele, não. Eu fiquei dentro da cozinha, só ia lá para
levar água e café”, contou Reinasci em depoimento a Sérgio Moro. Ela
afirmou que não conheceu Aline Corrêa.
De acordo com a denúncia, a doméstica trabalhou para Ivan Vernon entre
1994 a 2012. Ela chegava no apartamento do ex-assessor de Pedro Corrêa
por volta das 11h, e, depois, seguia para outro emprego, na casa de uma
mulher.
“À época dos fatos, Ivan Vernon abriu uma conta bancária para Reinasci
Cambui no Banco do Brasil em uma Agência na quadra 502, Sul em
Brasília/DF, ao argumento que seria necessária a conta corrente para que
a doméstica recebesse pagamentos. Reinasci afirmou que efetivamente
compareceu no Banco do Brasil e assinou os documentos para abertura da
conta”, aponta a denúncia.
Em audiência na Justiça Federal, ela confirmou a abertura da conta. “Uma
vez, ele me chamou para ir no Banco do Brasil, na 502 Sul, abrir uma
conta lá, disse que era do meu interesse”, disse. “Só que eu nunca tive
contato com nenhum cartão, não vai nem para o meu endereço, nem nada.
Nunca tive acesso a cartão nenhum, nem senha, nem nada.”
Segundo a Procuradoria, entre 1 de outubro de 2010 e 1 de abril de 2014,
Ivan Vernon, de posse do cartão bancário da conta de Reinasci,
transferiu para si a quantia de R$ 55.850, em 42 transferência
bancárias. No mesmo período, ele também fez 24 transferências bancárias
para Pedro Corrêa, num total de R$ 45.725,72.
“Em sede policial, Ivan Vernon afirmou que ficava em seu poder a parcela
do valor subtraída que era devida a Aline Corrêa, cujos valores eram
posteriormente repassados para a parlamentar. Por ocasião da busca e
apreensão determinada por este juízo, foi encontrado na residência de
Ivan Vernon um cartão em nome de Reinasci C. Souza, com a indicação da
conta corrente, agência do Banco do Brasil, bem como anotação de dados
pessoais de Reinasci, tais como data de nascimento e CPF. Apurou-se,
ainda, que a senha utilizada para movimentação da conta corrente de
Reinasci era 18101954, numeração que corresponde a data de nascimento do
denunciado Ivan Vernon, 18/10/1954″, aponta o Ministério Público
Federal na denúncia.
extraídadefolhapolítica.org
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