Jornalista Andrade Junior

sábado, 20 de junho de 2015

Que tal disputar eleições?

Carlos Chagas

Desiludiram-se as mulheres deputadas com a derrota do projeto que criava cotas na Câmara Federal, nas Assembleias e Câmaras de Vereadores para candidatas do sexo feminino. Se aprovada, a proposta determinaria que mulheres menos votadas do que homens ocupassem um certo número de cadeiras, entre dez e quinze por cento do total. Pela lógica, seria pouco num país onde 52% dos habitantes são mulheres, mas, no reverso da medalha, a Câmara teria rejeitado o princípio da representatividade eleitoral. É complicada a questão, já envolvendo por lei o ingresso de alunos negros e pardos com direito a cotas nas universidades. Explica-se por conta da condição econômica superior dos estudantes brancos, fruto de séculos de dominação da raça.
Seria bom, no entanto, não generalizar, porque daqui a pouco serão exigidas cotas para jogadores de futebol brancos, tendo em vista que na maioria de nossos times predominam os craques negros ou pardos, de resto tecnicamente superiores, como a seleção brasileira está demonstrando no Chile, esta semana.
Deveriam as deputadas mulheres escolher outras alternativas para sua luta mais do que justa por maior representação. Que tal sensibilizarem mais mulheres para ingressar nos partidos e disputar eleições? Claro que com propostas de aprimoramento social, econômico e político capazes de sensibilizar o eleitorado, e não apenas o feminino.
ENTRE VOLTAIRE E A PAPUDA
Para os parlamentares envolvidos no escândalo da Petrobras vai uma historinha edificante.
Voltaire, moço ainda conhecido por Jean Marie Arouet, recém-chegado a Paris, dedicou-se a ferinas crônicas contra a nobreza e os donos do poder. Certa tarde de domingo, passeando pelo Bois-de-Boulogne, deu de cara com o Regente da França, alvo permanente de suas críticas. Felipe de Orleans o reconheceu e dirigiu-lhe a palavra: “Monsieur Arouet, quero ter o prazer de oferecer-lhe uma visão de Paris que o senhor nunca privou.” E mandou prender o futuro Voltaire numa cela da Bastilha, de onde se descortinava a capital. Meses mais tarde, arrependido, mandou soltar o jovem, dedicando-lhe também razoável soma mensal saída dos cofres públicos.
Voltaire, que nunca se emendava, escreveu carta de louvor ao monarca, onde agradecia pela gentileza da quantia que lhe permitiria nunca mais prover suas refeições. Mas acrescentou que quanto à hospedagem, o Regente não se preocupasse. Ele mesmo cuidaria dela.
Escusado dizer que a pensão foi revogada e nova ordem de prisão lavrada contra o escritor, que precisou refugiar-se na Inglaterra por algum tempo.

Por que se conta essa historinha? Porque certos deputados já procuraram saber dos condenados pelo mensalão se na Papuda existem celas com vista para o Plano Piloto, em Brasília…




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