REYNALDO ROCHA
Questionam-me sobre a morte do menino Eduardo na Favela do Alemão. Qualquer assassinato é uma agressão ao existir. O de uma criança, uma barbárie sem adjetivações suficientes. A mim, não restam dúvidas que houve um homicídio especialmente cruel. Um policial de uma UPP disparou seu fuzil contra uma criança que brincava armada de um celular.
Não faltaram avisos e advertências. Cláudio Beato, professor da UFMG, e o sociólogo Luis Eduardo Soares, ambos mundialmente respeitados, fizeram incontáveis alertas sobre as falaciosas UPP´s de Sérgio Cabral.
Na campanha presidencial, foram transformadas em bandeiras de Dilma e do PT, que prometeram espalhar o modelo por todo o país. Escrevi, à época, que não era uma promessa. Era uma ameaça.
O silêncio de Dilma, que relegou a segurança pública ao abandono, teria sido mais honesto. Mas não se pode sonhar com honestidade numa campanha que já entrou para a história do Brasil como o maior estelionato eleitoral de todos os tempos.
E o que são as UPPs? Unidades de Polícia Pacificadora (o nome já uma ironia) são forças de ocupação territorial que se espelham no modelo de um exército em guerra. E o que há depois da ocupação? Um imenso nada.
A simples ocupação desmantelaria quadrilhas e neutralizaria bandidos? Os traficantes e milicianos desistiriam de ganhar milhões a cada semana por terem sido desalojados, embora continuassem em liberdade? Não se reagrupariam? Não buscariam novos “soldados” nas bocas de fumo e nas áreas dominadas por policiais que cobram dos moradores taxas de proteção?
A esmagadora maioria dos dos PMs em serviço nas UPPs é composta por recém-formados sob o comando de superiores contaminados por vícios antigos. Cadê a reforma na estrutura da polícia? Que fim levaram as escolas e o atendimento hospitalar prometidos aos morros ocupados? E os estímulos à inserção social?
A presidente e o governador Sérgio Cabral nunca pensaram no próximo passo. Como sempre, faltou-lhes humildade para ouvir especialistas. Ambos festejaram sem ressalvas o sucesso das UPPs que haviam pacificado a Cidade Maravilhosa. É a paz dos cemitérios, demonstra o tiro na cabeça de uma criança.
Fuzis Ak e Spider, munições de última geração, granadas, bombas, rifles Winchester, pistolas israelenses e outros artefatos continuam a entrar no Brasil com mais facilidade que um PlayStation. Como cruzam as fronteiras desprotegidas carregamentos de cocaína, crack, LSD e, agora, heroína.
Milicianos cobram taxas de luz e TV, garantidas por “gatos”. O preço das extorsões está cada vez mais caro. Serviços de transporte também são explorados sobretudo por policiais fora da lei. E qual é a proposta dos governantes sem rumo e de entidades sem juízo? Acabar com a Polícia Militar.
Quero ver na cadeia o PM que assassinou o menino. E também o oficial a quem o homicida está subordinado. E todos os integrantes da cadeia de comando que passa pelo governo estadual, envolve o Ministério da Justiça e termina no Palácio do Planalto. São todos responsáveis pela insegurança que nós torna reféns de bandidos. Fardados ou não.
Todos são culpados pela barbárie. Que sejam punidos.
EXTRAÍDADOBLOGDEAUGUSTONUNESDIRETOAOPONTO





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