Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 9 de abril de 2015

NO ÚLTIMO DOMINGO, NO FANTÁSTICO

Leonardo  Faccioni


Neste domingo, assisti a vinte minutos do Fantástico e, assim, aprendi:
- que Cuba é um tesouro de "capital humano" propiciado pela dedicação do Estado à educação e à saúde, incontrastáveis com o restante da América Latina;
- que a vida em Cuba é difícil, sem dúvida, mas que a causa de suas mazelas reside, primeiramente, no embargo americano (isso é, na recusa veemente, por parte do demônio imperialista, a explorar seu vizinho simpático e indefeso);
- que o solidário e perspicaz governo brasileiro está aberto às oportunidades de desenvolvimento na ilha, em escala chinesa, ao contribuir para sua infraestrutura e participar dos novos negócios privados autorizados pelo regime (com cláusulas secretas, vá lá - que importam esses detalhes?);
- que a reforma agrária é necessária e urgente, mas que os assentamentos do MST na Amazônia não dão certo por "pressões externas";
- que a agropecuária brasileira (a mesma a garantir comida na mesa - ao contrário do MST), é fator primário das "mudanças climáticas";
- que é nosso dever (shame on us) pressionar políticos para que extraiam mais recursos de nossa sociedade, passem a mão em algo deles e, entre o que sobrar, sustentem as quatrocentas mil famílias de não-agricultores premiados com terras por seus atos de terrorismo e desídia;
- que republicanos são radicais preciosistas: ousam criticar seu valoroso presidente, Hussein Obama, por não mencionar uma mísera palavrinha ("cristãos", as vítimas) em seu veemente ataque ao terrorismo — que, por sinal, não é muçulmano, senão uma "deturpação do caminho do Islã";
- que a violência nos morros cariocas segue como dantes por culpa da polícia, a qual "não se integrou às comunidades" (o que tenho a estranha impressão de significar "ausência de integração à cadeia produtiva do tráfico", ocasião que, ora pois pois, eliminaria o conflito e ampliaria a oferta de bens muito apreciados nas redações da Globo).
Evidentemente, encontramo-nos diante do produto de primeira linha da mídia golpista, burguesa, reacionária e coxinha.






EXTRAÍDADOSITEPUGGINA.ORG

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