Jornalista Andrade Junior

sexta-feira, 10 de abril de 2015

"É o trabalho da oposição garantir que a voz do povo seja ouvida"

Almir Pazzianotto O ESTADO DE SÃO PAULO

Cometerá a presidente Dilma Rousseff irreparável erro, que poderá custar-lhe o governo, se menosprezar o que se viu no dia 15 de março. Em São Paulo, a capital econômica do Brasil, concentraram-se mais de 1,5 milhão de pessoas na Avenida Paulista e nas ruas adjacentes. Em todo o país, além de 2 milhões se fizeram presentes nos protestos.
Ninguém reivindicava aumento de salários, vencimentos ou vantagem pessoal. Exigia-se, entretanto, o combate incessante à corrupção que se alastrou nestes últimos 12 anos. Os alvos eram, pela ordem, a presidente da República, atacada de surdez e cegueira diante da realidade, o Ministério anárquico, o partido contaminado, o caos administrativo, o peleguismo e o nosso alcaide. Para os jornais do dia 16/3, corrupção e “fora PT” foram os assuntos dominantes.
Creio que a melhor análise da situação partiu do Palácio do Planalto, cuja Secretaria de Comunicação (Secom) definiu como errática a política da presidente ao se comunicar com a população. Segundo o documento, revelado pelo Estado na edição de 18/3, “as mudanças nas regras do seguro-desemprego, o desastrado anúncio do corte do Fies, o aumento da gasolina e de energia e o massacre nas TVs com as denúncias de corrupção na Petrobras geraram entre dilmistas um sentimento de abandono e traição”.
Dilmistas ou petistas? Pouco importa. O fato é que as hostes arrogantes e agressivas do PT batem em retirada sem comando, fustigadas pelo povo.
O documento, embora duro, não vai ao cerne da questão. A presidente da República não é apenas errática, trata-se de caso clássico de alguém cujo temperamento a impede de entender, aceitar, ter a humildade necessária para corrigir o que faz errado. A isso se agregue o fato de expor o pensamento de maneira cansativa e quase ininteligível.
O partido, por outro lado, não colabora. Faz exigências descabidas, o que ocorre, também, com os aliados.
Tivesse S. Exa. coragem, extinguiria ministérios inúteis, mandaria ministros, assessores e secretárias de volta para casa, como medida elementar e indispensável de contenção de despesas. Sanearia as estatais e sociedades de economia mista; reduziria a brutal quantidade de cargos de confiança e funções comissionadas, responsáveis por gastos desnecessários. Convocaria o presidente do PT e lhe determinaria a imediata expulsão dos integrantes da legenda comprometidos ou indiciados pelo cometimento de ilícitos, a começar pelo tesoureiro.
Se a corrupção é a “senhora idosa”, estamos diante de dama robusta, a quem a idade não corrigiu, tampouco debilitou; alguém recolhido ao albergue do PT, onde é cuidada com desvelo e a quem se tentou proteger com a imunidade.
* Almir Pazzianotto Pinto é advogado, foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
EXTRAÍDADOBLOGROTA2014

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