Almir Pazzianotto O ESTADO DE SÃO PAULO
Cometerá a presidente Dilma Rousseff irreparável erro, que poderá
custar-lhe o governo, se menosprezar o que se viu no dia 15 de março. Em
São Paulo, a capital econômica do Brasil, concentraram-se mais de 1,5
milhão de pessoas na Avenida Paulista e nas ruas adjacentes. Em todo o
país, além de 2 milhões se fizeram presentes nos protestos.
Ninguém reivindicava aumento de salários, vencimentos ou vantagem
pessoal. Exigia-se, entretanto, o combate incessante à corrupção que se
alastrou nestes últimos 12 anos. Os alvos eram, pela ordem, a presidente
da República, atacada de surdez e cegueira diante da realidade, o
Ministério anárquico, o partido contaminado, o caos administrativo, o
peleguismo e o nosso alcaide. Para os jornais do dia 16/3, corrupção e
“fora PT” foram os assuntos dominantes.
Creio que a melhor análise da situação partiu do Palácio do Planalto,
cuja Secretaria de Comunicação (Secom) definiu como errática a política
da presidente ao se comunicar com a população. Segundo o documento,
revelado pelo Estado na
edição de 18/3, “as mudanças nas regras do seguro-desemprego, o
desastrado anúncio do corte do Fies, o aumento da gasolina e de energia e
o massacre nas TVs com as denúncias de corrupção na Petrobras geraram
entre dilmistas um sentimento de abandono e traição”.
Dilmistas ou petistas? Pouco importa. O fato é que as hostes arrogantes e
agressivas do PT batem em retirada sem comando, fustigadas pelo povo.
O documento, embora duro, não vai ao cerne da questão. A presidente da
República não é apenas errática, trata-se de caso clássico de alguém
cujo temperamento a impede de entender, aceitar, ter a humildade
necessária para corrigir o que faz errado. A isso se agregue o fato de
expor o pensamento de maneira cansativa e quase ininteligível.
O partido, por outro lado, não colabora. Faz exigências descabidas, o que ocorre, também, com os aliados.
Tivesse S. Exa. coragem, extinguiria ministérios inúteis, mandaria
ministros, assessores e secretárias de volta para casa, como medida
elementar e indispensável de contenção de despesas. Sanearia as estatais
e sociedades de economia mista; reduziria a brutal quantidade de cargos
de confiança e funções comissionadas, responsáveis por gastos
desnecessários. Convocaria o presidente do PT e lhe determinaria a
imediata expulsão dos integrantes da legenda comprometidos ou indiciados
pelo cometimento de ilícitos, a começar pelo tesoureiro.
Se a corrupção é a “senhora idosa”, estamos diante de dama robusta, a
quem a idade não corrigiu, tampouco debilitou; alguém recolhido ao
albergue do PT, onde é cuidada com desvelo e a quem se tentou proteger
com a imunidade.
* Almir Pazzianotto Pinto é advogado, foi ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
EXTRAÍDADOBLOGROTA2014





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