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19:01
ANDRADEJRJOR
Com Blog do Josias
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa declarou em depoimento à Justiça Federal que um cartel de cerca
de dez empresas controla as grandes obras públicas no Brasil. Segundo o
delator da Petrobras, há um “acordo prévio entre as companhias em
relação às obras.” Ele acrescentou: “Existia claramente, e isso me foi
dito por algumas empresas, pelos presidentes das companhias, de forma
muito clara, que havia uma escolha de obras dentro da Petrobras e fora
da Petrobras.”
O depoimento pode ser ouvido, na íntegra: http://migre.me/mcfF0
Interrogado pelo juiz Sérgio Moro, da 3ª Vara Federal do Paraná, Paulo
Roberto declarou que, fora da Petrobras, o cartel opera em obras como
ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. A cartelizaçãoo resulta,
segundo ele, numa elevação dos preços das obras, que ele chama de “delta
preço excedente”. Coisa de 10% a 20% sobre o valor orçado. Resulta
também num “ajuste político” —3% de acréscimo no caso das obras da
Petrobras. Esse percentual compunha a propina paga a “agentes
políticos”.
Paulo Roberto depôs sob o compromisso de dizer a verdade. Do contrário,
corre o risco de perder os benefícios de um acordo de delação premiada
que firmou com a Procuradoria da República. Revelou ao juiz detalhes de
como era feito na Petrobras o rateio dos 3% referentes à propina dos
políticos.
Explicou que na sua área, a diretoria de Abastecimento, o dinheiro da
corrupção era rateado entre dois partidos: o PP, que o apadrinhou no
posto, levava 1% sobre o valor dos contratos. O PT, que controla a
diretoria de Serviços, responsável pela elaboração dos projetos de
engenharia, se apropriava dos outros 2%.
“Dos 3%, 2% eram para atender o PT, através da diretoria de Serviços”,
esmiuçou Paulo Roberto. “Outras diretorias, como Gás e Energia e
Exploração e Produção, também eram PT. Então, tinha PT na diretoria de
Exploração e Produção, PT na diretoria de Gás e Energia e PT na área de
Serviços. Então, [...] nesses casos, os 3% ficavam diretamente para o
PT. Não tinha participação do PP.”
O delator também declarou que a diretoria Internacional da Petrobras “tinha indicação do PMDB.
Então, tinha também recursos que eram repassados para o PMDB na diretoria Internacional.”
O senhor recebia parte dos valores desviados da diretoria de
Abastecimento? quis saber o juiz Sérgio Moro. E Paulo Roberto: “Sim. O
que normalmente, em valores médios, acontecia? Do 1% que era para o PP,
em média, obviamente que dependendo do contrato podia ser um pouco mais
ou um pouco menos, 60% vai para o partido, 20% era para despesas
—emissão de nota fiscal, despesa para envio, etc, etc…— e os 20%
restantes era repassado 70% pra mim e 30% para o Janene ou o Alberto
Youssef.”
O Janene mencionado pelo delator é José Janene, ex-líder do PP na
Câmara. Foi ele quem avalizou em nome do partido a indicação de Paulo
Roberto para a diretoria de Abastecimento da Petrobras.
Janene morreu em 2010. Mas desde 2008, disse o depoente, enfrentava
problemas de saúde. Por isso, passou a ser representado nos negócios da
quadrilha pelo doleiro Youssef.
Inquirido a respeito da forma de recebimento da sua parte na propina,
Paulo Roberto disse: “Eu recebia em espécie, normalmente na minha casa,
num shopping ou no escritório.”
Por ordem do juiz, Paulo Roberto se absteve de mencionar os nomes dos
políticos que se corromperam na Petrobras. No início do depoimento, o
magistrado alertou: “Nesse processo [sobre irregularidades na obra da
refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco], nós não estamos tratando de
autoridades com foro privilegiado, porque essas autoridades estão
sujeitas à competência do Supremo Tribunal Federal.”
Sérgio Moro prosseguiu: “Então, nas suas respostas, eu vou pedir que o
senhor não decline nomes de autoridades sujeitas ao foro do Supremo
Tribunal Federal [congressistas e ministros, por exemplo]. O senhor pode
se referir a ‘agentes políticos’, ‘agentes públicos’. Mas não vamos
nominá-los por uma questão de respeito ao Supremo.”
Os nomes sonegados na audiência já foram repassados por Paulo Roberto
nos depoimentos que prestou ao Ministério Público e à Polícia Federal
após a celebração do acordo de delação premiada. “Evidentemente, isso
vai vir a público no momento adequado, segundo as decisões do supremo
Tribunal Federal”, disse o juiz.
A certa altura, Paulo Roberto revelou que parte da verba suja da
Petrobras foi usada para irrigar o caixa dois de campanhas nas eleições
de 2010. Os nomes, segundo disse, já se encontram com a Procuradoria:
“Tem uma tabela que foi detalhada junto ao Ministério Público. E essa
tabela revela vários valores de agentes políticos, de vários partidos,
que foram relativos à eleição de 2010. Essa tabela eu copiei no
escritório do Alberto [Youssef], numa reunião que eu tive lá com ele.”
Meticuloso, o juiz perguntou como Paulo Roberto tinha certeza de que os
políticos receberam a parte deles na propina. E o delator: “Nós tínhamos
reuniões com uma certa periodicidade com esse grupo político. E nessa
periodicidade, então, se comentava: olha, recebemos isso, recebemos
aquilo, etc. Na minha agenda, que foi apreendida na minha residência,
tem uma tabela, que foi detalhada junto ao Ministério Público. Essa
tabela revela vários valores de agentes políticos de vários partidos,
que foram relativos à eleição de 2010.”
FONTE ROTA2014
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