se você quer um Brasil diferente, venha com a gente!
No dia 5, vote 45! Aécio Neves Presidente!
RUTH DE AQUINO
Sei que Dilma está mais preocupada em defender o diálogo com o Estado
Islâmico, que degola ao vivo pela TV inocentes estrangeiros. Sei que
Marina está mais preocupada em defender o desmatamento zero e proteger o
ar que respiramos. Mas será que essas duas mulheres fortes, uma
ex-guerrilheira e uma ex-empregada doméstica, não se comovem com os
dramas de Jandira e Elizângela, mortas em abortos clandestinos por causa
da covardia do Estado brasileiro, em conluio com a Igreja?
Não. Dilma e Marina ficarão caladinhas sobre essas duas histórias e sobre o dado estarrecedor da Organização Mundial da Saúde (OMS): no Brasil, a cada dois dias morre uma mulher por abortos sanguessugas, realizados por médicos incompetentes ou falsos – e por quadrilhas criminosas. Não interessa a nenhuma das duas principais candidatas à Presidência mexer nas entranhas dessa polêmica.
Vamos manter o “espírito cristão”, lavar as mãos e fechar os olhos para os números endêmicos que mostram ser da classe C para baixo as mulheres que morrem ou são internadas devido a abortos malfeitos. Rezemos pela alma de Jandira e Elizângela. Quem mandou engravidar sem querer? Quem mandou não ser rica, de classe A ou B – porque, aí, elas abortariam sem problema médico algum e jamais seriam presas, mesmo “criminosas” por nossas leis?
Jandira Magdalena dos Santos Cruz, de 27 anos, auxiliar administrativa, ficou desaparecida um mês, após sair de casa para fazer aborto numa clínica clandestina em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Era uma bela morena de olhos grandes e tinha duas filhas, de 8 e 12 anos. Separada, não queria levar adiante a gravidez não planejada, resultado de uma relação casual. O ex-marido a ajudou, levou-a ao ponto de encontro numa rodoviária.
O corpo de Jandira foi encontrado carbonizado num carro. A identificação foi difícil. Seus dentes haviam sido arrancados, seus braços e pernas cortados. Quatro pessoas da quadrilha já foram presas. Ninguém contou para as duas crianças que a mãe foi encontrada queimada e mutilada. Pelo aborto, Jandira pagou R$ 4.500.
Elizângela Barbosa, de 32 anos, morava no Engenho Pequeno, no município de São Gonçalo, Estado do Rio. Saiu de casa no último sábado de manhã com R$ 2.800 em dinheiro, para fazer o aborto numa clínica clandestina no bairro do Sapê. O marido, pintor, Anderson, de 27 anos, e os três filhos de Elizângela a levaram a um ponto de encontro com o homem desconhecido que a conduziria ao local da cirurgia.
“Será que mamãe vai voltar?”, perguntou ao pai um dos filhos. Elizângela ligou várias vezes ao marido no sábado. No domingo, mandou uma mensagem dizendo que o procedimento estava quase no fim. O telefonema seguinte foi de um hospital público no município vizinho de Niterói. Elizângela só queria voltar a trabalhar para se concentrar na educação dos filhos. Foi deixada morta no hospital, com hemorragia e um tubo plástico dentro do corpo.
Dilma e Marina, não dá para fingir que o Estado não tem culpa nenhuma. Na Espanha, país ferrenhamente católico, o aborto é legal até a 14a semana da gestação ou até a 22a, em caso de malformação do feto. O Brasil só permite aborto em caso comprovado de estupro, risco para a saúde da mãe ou anencefalia do feto. A lei não muda a realidade.
No ano passado, houve 205.855 internações por abortos malfeitos, segundo um estudo de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e de uma ONG. Os abortos induzidos costumam somar quatro a cinco vezes o número de internações. Com base nesses cálculos, o governo gastou, no ano passado, em hospitais públicos cerca de R$ 63 milhões para tratar consequências de abortos malsucedidos.
O Brasil é falho em informação em casa, educação sexual, planejamento familiar e distribuição de pílulas ou outros métodos anticoncepcionais. Além de não investir seriamente em prevenção, pratica uma enorme injustiça com as mais ignorantes e menos favorecidas. Nenhuma mulher comemora um aborto, mas todas deveriam ter direito a interromper uma gravidez indesejada em segurança, sem correr o risco de ser presa.
Não entendo como tantas jovens desperdiçam esforço em redes sociais aderindo a movimentos contra o feminismo, em vez de pensar o seguinte: o que falta conquistar? Uma rede nacional de creches que não sejam depósitos de crianças, por exemplo – e ajudem as mães a continuar ativas no mercado de trabalho, com mais tranquilidade.
Não entendo como as brasileiras famosas que já fizeram aborto não se indignam publicamente com as mortes de Jandira e Elizângela. Ainda mais agora, num provável cenário de segundo turno entre duas mulheres.
Há muito dever de casa a fazer. Dilma e Marina não estão nem aí para Jandira e Elizângela, duas pedras incômodas nos sapatos de salto alto.
Não. Dilma e Marina ficarão caladinhas sobre essas duas histórias e sobre o dado estarrecedor da Organização Mundial da Saúde (OMS): no Brasil, a cada dois dias morre uma mulher por abortos sanguessugas, realizados por médicos incompetentes ou falsos – e por quadrilhas criminosas. Não interessa a nenhuma das duas principais candidatas à Presidência mexer nas entranhas dessa polêmica.
Vamos manter o “espírito cristão”, lavar as mãos e fechar os olhos para os números endêmicos que mostram ser da classe C para baixo as mulheres que morrem ou são internadas devido a abortos malfeitos. Rezemos pela alma de Jandira e Elizângela. Quem mandou engravidar sem querer? Quem mandou não ser rica, de classe A ou B – porque, aí, elas abortariam sem problema médico algum e jamais seriam presas, mesmo “criminosas” por nossas leis?
Jandira Magdalena dos Santos Cruz, de 27 anos, auxiliar administrativa, ficou desaparecida um mês, após sair de casa para fazer aborto numa clínica clandestina em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Era uma bela morena de olhos grandes e tinha duas filhas, de 8 e 12 anos. Separada, não queria levar adiante a gravidez não planejada, resultado de uma relação casual. O ex-marido a ajudou, levou-a ao ponto de encontro numa rodoviária.
O corpo de Jandira foi encontrado carbonizado num carro. A identificação foi difícil. Seus dentes haviam sido arrancados, seus braços e pernas cortados. Quatro pessoas da quadrilha já foram presas. Ninguém contou para as duas crianças que a mãe foi encontrada queimada e mutilada. Pelo aborto, Jandira pagou R$ 4.500.
Elizângela Barbosa, de 32 anos, morava no Engenho Pequeno, no município de São Gonçalo, Estado do Rio. Saiu de casa no último sábado de manhã com R$ 2.800 em dinheiro, para fazer o aborto numa clínica clandestina no bairro do Sapê. O marido, pintor, Anderson, de 27 anos, e os três filhos de Elizângela a levaram a um ponto de encontro com o homem desconhecido que a conduziria ao local da cirurgia.
“Será que mamãe vai voltar?”, perguntou ao pai um dos filhos. Elizângela ligou várias vezes ao marido no sábado. No domingo, mandou uma mensagem dizendo que o procedimento estava quase no fim. O telefonema seguinte foi de um hospital público no município vizinho de Niterói. Elizângela só queria voltar a trabalhar para se concentrar na educação dos filhos. Foi deixada morta no hospital, com hemorragia e um tubo plástico dentro do corpo.
Dilma e Marina, não dá para fingir que o Estado não tem culpa nenhuma. Na Espanha, país ferrenhamente católico, o aborto é legal até a 14a semana da gestação ou até a 22a, em caso de malformação do feto. O Brasil só permite aborto em caso comprovado de estupro, risco para a saúde da mãe ou anencefalia do feto. A lei não muda a realidade.
No ano passado, houve 205.855 internações por abortos malfeitos, segundo um estudo de pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e de uma ONG. Os abortos induzidos costumam somar quatro a cinco vezes o número de internações. Com base nesses cálculos, o governo gastou, no ano passado, em hospitais públicos cerca de R$ 63 milhões para tratar consequências de abortos malsucedidos.
O Brasil é falho em informação em casa, educação sexual, planejamento familiar e distribuição de pílulas ou outros métodos anticoncepcionais. Além de não investir seriamente em prevenção, pratica uma enorme injustiça com as mais ignorantes e menos favorecidas. Nenhuma mulher comemora um aborto, mas todas deveriam ter direito a interromper uma gravidez indesejada em segurança, sem correr o risco de ser presa.
Não entendo como tantas jovens desperdiçam esforço em redes sociais aderindo a movimentos contra o feminismo, em vez de pensar o seguinte: o que falta conquistar? Uma rede nacional de creches que não sejam depósitos de crianças, por exemplo – e ajudem as mães a continuar ativas no mercado de trabalho, com mais tranquilidade.
Não entendo como as brasileiras famosas que já fizeram aborto não se indignam publicamente com as mortes de Jandira e Elizângela. Ainda mais agora, num provável cenário de segundo turno entre duas mulheres.
Há muito dever de casa a fazer. Dilma e Marina não estão nem aí para Jandira e Elizângela, duas pedras incômodas nos sapatos de salto alto.
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