PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA CORREIO BRAZILIENSE
De volta à Previdência. Se há a ambição, expressada pelo próprio Meirelles, de que os dispositivos da reforma valham para homens e mulheres do serviço público e da iniciativa privada, eles deveriam se estender a todos. Mesmo. Incluem-se aí os integrantes, sem exceção, do Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público no país. Ora, por que magistrados, deputados, senadores devem ter privilégios se o princípio básico da democracia e da Constituição é a de que somos todos iguais perante a lei?
No Brasil, as regalias, mordomias e outras vantagens inconfessáveis transformaram os cargos eletivos - desde os municipais aos federais - em prêmios mais valiosos que muitas megassenas acumuladas. Se é para fazer um ajuste sério, de verdade, é preciso acabar com o escracho de políticos com o dinheiro público, como as astronômicas verbas de gabinete e cotas parlamentares. Afinal, o Brasil está entre os 30 países que mais arrecadam com tributos. Destaca-se, porém, como o que presta os piores serviços públicos.
Na Suécia, país europeu onde parlamentares se orgulham de não terem luxo nem privilégios, os serviços públicos são de primeira qualidade. Lá, eles ganham apenas 50% a mais do que o piso de um professor primário, dormem em apartamentos funcionais de no máximo 40m², lavam e passam a própria roupa, andam de ônibus e ninguém tem secretária nem assessor. Carro oficial e motorista? Nem pensar. Já no caso do Brasil, é de morrer de vergonha.
No DF, por exemplo, deputados distritais, além de receberem um dos maiores salários do funcionalismo na capital, têm secretárias, dezenas de assessores, carro oficial com direito a motorista e dispõem de verbas para todas as regalias possíveis e imagináveis. Só com combustível, já chegaram a gastar em um ano o suficiente para dar 32 voltas na Terra. E tudo à custa de cidadãos que trabalham cinco meses por ano só para pagar impostos. Não à toa que, aqui, hospitais e escolas públicas estejam na situação que você, leitor, tão bem conhece.
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