editorial de O Globo
Diante do descalabro causado nas finanças públicas pelo “novo marco
macroeconômico”, política com que Dilma e o lulopetismo pretendiam
revolucionar a teoria econômica, resta ao governo do presidente interino
Michel Temer fazer um forte ajuste nos gastos, em alta constante há
tempos, à frente da própria evolução do PIB. Era infalível semente de
grave crise fiscal.
Nos 13 anos de lulopetismo, houve o aparelhamento de empresas estatais e
de parte da máquina da administração direta, bem como o atendimento sem
qualquer cuidado de demandas de corporações sindicais, entre outras. E
estas pressionam o governo Temer, contrárias ao saneamento das contas do
Estado.
O primeiro campo de enfrentamento é a imprescindível reforma da
Previdência. Em entrevistas, os ministros da Fazenda e da Casa Civil,
Henrique Meirelles e Eliseu Padilha, este ao GLOBO de domingo passado,
já alertaram que a reforma visa a impedir que os déficits cheguem a tal
ponto que não haja a garantia de o aposentado e o pensionista receberem o
benefício.
Números frios, estudos bem embasados mostram que o brasileiro se
aposenta muito cedo (54 anos), e como a expectativa de vida felizmente
tem subido bastante, o sistema depende crescentemente do Tesouro para
pagar os benefícios. O déficit já passou dos R$ 100 bilhões, mais que o
orçamento do SUS, para se fazer uma comparação.
Por ser insustentável continuar assim, o Brasil precisa, com urgência,
adotar o modelo quase universal de idade mínima para efeito de pedido de
aposentadoria. É lógico, mas a corporação sindical não aceita, como
representantes de algumas centrais disseram ao governo na segunda-feira,
entre eles, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), aliado de Temer no
impeachment. O governo, com respaldo no Congresso, precisa enfrentar os
sindicatos, para o bem dos próprios aposentados e pensionistas.
Por sinal, foi por concessões a grupos chamados de forma genérica de
“movimentos sociais” que se cometeram desatinos que ajudaram a destroçar
o equilíbrio fiscal: a parcela de mais de 90% do Orçamento da União é
destinada a gastos predeterminados, e a totalidade das despesas sociais é
indexada pela inflação ou salário mínimo. Que, por sua vez, tem uma
regra de reajuste que não respeita a produtividade da economia, pecado
mortal em política econômica.
Pode-se dizer que, em boa medida, chegou-se a este descalabro fiscal
devido à atuação de corporações que estão dentro e nas proximidades do
Estado. Verbas carimbadas com destino predeterminado e mecanismos que
fazem aumentar despesas automaticamente, mesmo na recessão — o que levou
a Federação à falência —, são resultado da ação em Brasília de grupos
organizados. Mas quando a conta chega, ela é paga pelos mais pobres,
quase sempre massa de manobra de partidos e das próprias corporações
aliadas. O Brasil das corporações não cabe no PIB do país
extraídaderota2014blogspot
0 comments:
Postar um comentário