Catarina Alencastro - O Globo
O ministro da Justiça, Alexandre Moraes, e o diretor-geral da Polícia
Federal, Leandro Daiello, devem ir na próxima semana a Curitiba para
informar à equipe que comanda as investigações da Lava-Jato que o
governo do presidente interino, Michel Temer, manterá os policiais que
já trabalham no caso. Esse será mais um dos gestos que Temer pretende
fazer para assegurar que não quer impedir ou atrapalhar as
investigações.
A conversa de integrantes da Lava-Jato em Curitiba com interlocutores de
Temer começou dias antes de o afastamento de Dilma Rousseff se
concretizar. Rodrigo Rocha Loures, assessor especial de Temer, confirmou
ontem que esteve num evento em Brasília com alguns procuradores da
Lava-Jato, entre eles Deltan Delagnol e Alexandre Camanho, e desmentiu
os boatos de que, se assumisse o poder, Temer agiria para barrar a
Lava-Jato.
Rocha Loures contou que, na conversa, perguntou que sinalização Temer
poderia dar para comprovar seu comprometimento com a continuidade das
investigações. Os procuradores responderam, de acordo com Rocha Loures,
que a manutenção do superintendente da Polícia Federal em Curitiba,
Rosalvo Franco, seria bem recebida pela equipe.
— Quando saí do encontro, fui direto ao Palácio do Jaburu relatar ao presidente a conversa — disse Rocha Loures ao GLOBO.
O assessor afirmou que Temer concordou com a sugestão e determinou a
Alexandre Moraes, tão logo este assumiu o Ministério da Justiça, manter
Rosalvo Franco nas funções.
Os investigadores da Operação Lava-Jato confirmaram que se encontraram
com Rocha Loures durante evento da Associação Nacional dos Procuradores
da República (ANPR). De acordo com procuradores, porém, a conversa durou
menos de 15 minutos e ocorreu durante o coquetel oferecido pela
entidade “de maneira pública e com a presença de jornalistas que cobriam
o evento”.
Loures se apresentou como assessor de Temer, disse que o então
vice-presidente apoia a Lava-Jato e pediu um novo encontro, o que os
procuradores afirmam ter recusado. Em nota, a força-tarefa informou que
em nenhum momento fizeram qualquer pedido a Temer. Segundo um procurador
ouvido pelo GLOBO, o grupo só afirmou que “os poderes devem continuar
independentes”.
extraídaderota2014blogspot
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