Carlos Newton
A dramática situação do país merece uma reflexão. De repente, está quase tudo desabando, menos a atividade agrícola e a agroindústria. Os três níveis de governo estão perdendo arrecadação e se aproximam da bancarrota, não têm recursos nem mesmo para manter em dia o pagamento do funcionalismo, imaginem o que já está acontecendo com seus fornecedores, que têm de lutar contra a falência, via recuperação judicial.
FARRA COM AVAL DA UNIÃO
O fato é que os governos da Era do PT criaram uma realidade ilusória e irreal, em que tudo parecia ir muito bem. Com doses de alta irresponsabilidade, incentivaram os governos estaduais a se endividarem no exterior, com aval da União. Uma espécie de farra do boi em versão financeira, bancada pela viúva, como se dizia antigamente. O aval é da União, que terá de cobrir os rombos, consumindo reservas em moeda forte.
O fato é que a queda da arrecadação de impostos significa aumento da dívida pública, o maior problema brasileiro, a desafiar a administração compartilhada de Michel Temer e Henrique Meirelles. Todo o esforço que está sendo feito pela equipe econômica – e que vai recrudescer – tem objetivo de reduzir o déficit público e alcançar superávit para conter o crescimento desmedido da dívida pública e equilibrar as finanças, de forma a desfazer a recessão (na verdade, estagflação, pois a inflação persiste) e induzir a retomada do desenvolvimento, lá na outra ponta.
ENTENDA O PARADOXO
A maioria dos países desenvolvidos tem dívidas superiores em relação percentual ao PIB. Então, por que a crise no Brasil é tão grave. Bem, a diferença é a taxa de juros que vem sendo paga para o país se capitalizar. Antigamente, o Brasil pegava dinheiro no exterior, muito mais barato, mesmo assim deixou crescer uma insuportável dívida externa, a ponto de o governo de José Sarney ter sido obrigado a declarar moratória.
Depois da excelente, moralizadora e curta gestão de Itamar Franco, o governo privatista de Fernando Henrique Cardoso descobriu o falso caminho da pedras e passou a alimentar a dívida pública interna, através de títulos remunerados pela taxa Selic, pré e pós-fixados, ou pela variação do dólar.
Ao invés de girar a guitarra (emitir moeda/dinheiro) ou pegar dinheiro no exterior, o governo FHC optou por lançar esses títulos no mercado, com elevada remuneração. Oito anos depois, quando largou o governo, FHC deixou a bomba-relógio no colo do governo Lula, que continuou na mesma balada. Depois, Dilma Rousseff, a falsa doutoranda em Economia, seguiu em frente com a farsa. O resultado aí está.
NO COLO DE MEIRELLES
Agora, o problema está no colo de Meirelles, que sonha ser presidente da República e tem de resolver a questão da dívida, de qualquer jeito. Aqui no blog, fala-se muito em se fazer uma auditoria da dívida, nos moldes do que ocorreu na Argentina e na Grécia. Mas acontece que não adianta fazer auditoria no Brasil, onde a dívida externa ainda está sob controle.
Na Argentina e na Grécia, o problema maior era justamente a dívida externa, valia a pena fazer auditoria. No Brasil, o que se descobrirá numa auditoria da dívida interna? Quem fixa os juros é o Banco Central. Em sua época, FHC se orgulhava de somente saber a cotação da Taxa Selic pelos jornais, no dia seguinte. Era mesmo um governante irresponsável, que de manhã ficava na piscina, nadando e pegando um bronzeado, só chegava no Planalto depois das 13 horas, mas isso ele não conta em suas manipuladas memórias.
DILMA, IRRESPONSÁVEL
Falsamente doutorada em Campinas, Dilma Rousseff vestiu uma toga de catedrática e passou a criar inovadoras teorias econômicas. No mandato anterior, com a cumplicidade do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do secretário do Tesouro, Arno Augustin, Dilma inventou a “contabilidade criativa”, na base da maquiagem das contas e do superdimensionamento das pedaladas fiscais (que já existiam em pequena monta em governos anteriores) e dos decretos ilegais permitindo despesas não autorizadas pelo Congresso.
Em seu delírio em busca do Nobel da Economia, Dilma defendia a tese de que não era necessário ajuste fiscal nem corte das despesas públicas. O problema econômico do país seria facilmente resolvido com o aumento da arrecadação. Se recriasse a CPMF, o resto se resolveria. Pensava que isso pudesse ocorrer espontaneamente, por osmose. Foi isso que provocou a derrocada dela.
O DESAFIO DA DÍVIDA
Agora, cabe à dupla Temer e Meirelles resolver um problema dificílimo, que exige ajuste fiscal rigoroso e queda drástica dos juros da Taxa Selic, mas essa questão é tabu, porque interessa diretamente ao sistema financeiro, que nunca antes, na História deste país, lucrou e mandou tanto, beneficiado pelos governos do PT , e que vai repetir a dose, neste governo-tampão do PMDB.
Lembrando o velho bordão publicitário do Banco Bamerindus, o tempo passa, o tempo voa, e os banqueiros continuam numa boa. Aliás, o Bamerindus só se arrebentou (hoje, é HBSC) porque o dono, Andrade Vieira, resolveu entrar na política, achando que ia salvar o país. Como não era corrupto, acabou se lascando, como se diz lá no interior.
extraídadatribundainternet
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