por Percival Puggina.
1) O Partido dos Trabalhadores, entre sua fundação e a posse de Lula em 2003, foi recordista mundial de pedidos de impeachment contra governantes aos quais se opôs.
2) O referido partido venceu três eleições presidenciais (duas com Lula e uma com Dilma) e, apesar das constantes denúncias de corrupção, não foi alvo de qualquer procedimento dessa natureza. Tal fato derruba a tese de que “a oposição não sabe perder” e mostra o contrário: ela deixou de cumprir seu papel.
3) O atual processo de acusação à presidente começou a ser discutido nas manifestações de rua e nas redes sociais somente após a quarta vitória petista, porque alcançada em escandaloso estelionato eleitoral.
4) A presidente Dilma, para vencer a eleição de 2014, ocultou a situação nacional, incorreu em crime de responsabilidade, ampliou o gasto público, criou indecente déficit, derrubou a confiança externa no país, duplicou o desemprego, ampliou a inflação e produziu assustadora recessão.
5) A Operação Lava-Jato e uma série de outras expuseram à nação a existência de imensa organização criminosa atuando no seio do governo e em empresas estatais.
6) O procurador-geral da República, indicado à elevada função pela própria presidente Dilma, usou a mesma expressão – “organização criminosa” – para se referir aos elevados escalões empresariais e políticos em que se enquadra a multidão de envolvidos nos atos de corrupção que estão sendo investigados.
7) A presidente teve amplo direito de defesa em todas as fases do processo. E os crimes de responsabilidade foram: a) apontados unanimemente pelo TCU; b) identificados na comissão especial da Câmara; c) admitidos como tal por quase 75% dos deputados federais; e d) reconhecidos por ampla maioria da comissão especial do Senado e por dois terços dos senadores. Foi essa mais recente decisão que, na forma da Constituição, segundo rito determinado pelo STF, afastou a presidente em caráter provisório, dando posse a seu vice.
8) Inicia-se, agora, o julgamento propriamente dito, conduzido pelo presidente do Supremo (um dos indicados de Lula). Esta etapa pode se prolongar por até seis meses. Se o processo durar mais do que isso, ou se, ocorrendo o julgamento, Dilma for considerada inocente por mais de 27 dos 81 senadores, ela retorna ao cargo. Dito isso, pode-se então perguntar: de que golpe a presidente afastada e seus parceiros falam?
Eis aí, caros leitores, um exemplo bem atual e local de uma das muitas complexidades do discurso político. A verdade sempre exige reta intenção, boa informação e empenho da mente à luz da razão. Já para propagar falsidade, basta escrever num cartaz que “há um golpe de Estado no Brasil” e solicitar aos camaradas que repitam isso mundo afora. E a verdade, quem a reproduz? Quantos a querem afirmar? Quantos a querem ouvir?
extraídadepuggina.org
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