Carlos Chagas
Está por dias, quem sabe por horas, a decisão do Tribunal de Contas da União de rejeitar as contas do governo Dilma Rousseff relativas ao ano de 2014. Essa conclusão pertence às bancadas do próprio PT, razão da campanha desenvolvida desde segunda-feira para enfraquecer e demolir a hipótese de decretação do impeachment da presidente.
O problema é que nesse espaço de tempo atravessou o samba dos companheiros o pedido de defenestração de Madame feito por um dos fundadores do partido, o promotor e ex-deputado Hélio Bicudo, Um processo de impeachment levará meses para progredir ou ser arquivado, constituindo-se o PMDB na pedra de toque do muro. Para onde os peemedebistas se inclinarem repousará a sorte do governo.
O palácio do Planalto confia em que Michel Temer decidirá em favor de Dilma, ou seja, vetando o impeachment. Pode ser que sim, ainda que uma ação para afastar a presidente da República, fundada no pronunciamento do TCU, venha beneficiar o vice-presidente, que assumiria automaticamente. Por conta disso o PSDB e outros segmentos da oposição procuram aproximar-se de Temer, garantindo-lhe apoio para um possível ministério de união nacional.
INSATISFEITO
Satisfeito com Dilma o vice não andará, depois que foi obrigado a abrir mão das funções de coordenador político do governo, sabotado por ministros palacianos e abandonado pela própria presidente. Daí, no entanto, a respaldar o impedimento da chefe, a distância é razoável. Além disso, pesa a exigência dos tucanos, que para apoiar a ascensão de Temer, agora, exigiriam que ele não se candidatasse à reeleição em 2018. Para ele, a hipótese de tornar-se um presidente tampão não parece tão tentadora quanto a de disputar e vencer as eleições pelo término do mandato de Dilma.
Em suma, há que aguardar o Tribunal de Contas da União, cuja rejeição das contas do governo não leva diretamente ao impeachment, mas abre condições para o Congresso pronunciar-se. Mesmo assim, a iniciativa de um dos ícones dos antigos ideais do PT, o referido Hélio Bicudo, significa um sinal de alerta para os detentores do poder. Além de exprimir a frustração de quem um dia acreditou no partido, movimenta as forças políticas paulistas.
INDIGNAÇÃO VEM DAS RUAS
Estão programadas para outubro greves gerais e manifestações contra o governo, em função do recente pacote de maldades que atingiu trabalhadores, empresários e funcionários públicos. Não se chegará ao exagero de supor o Lula participando de passeatas, mas encolhido ele está e mais ficará daqui por diante. Discorda fundamentalmente da estratégia de Joaquim Levy, ou seja, da própria Dilma, enquanto espera sem solução aparente a queda de Aloísio Mercadante da chefia da Casa Civil.
A pergunta que se faz é sobre o resultado de novas pesquisas de opinião aguardadas para o fim de semana. Nova queda na popularidade da presidente servirá para acirrar os ânimos.
EXTRAÍDADETRIBUNADAINTERNET
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