Num ano sem grandes eventos previamente agendados, os protestos
convocados pelo Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento da tarifa
do transporte público não devem mobilizar tantas pessoas quanto em 2013,
mas podem ganhar força, levando em consideração que pouco foi feito em
termos de Transporte e Segurança Pública.
Analistas ouvidos pelo GLOBO também destacam que a crise econômica deve
se refletir no bolso do brasileiro e pode impulsionar a adesão. Essa é a
razão pela qual os atos realizados daqui para frente devem ser
encarados como verdadeiros “barris de pólvora”, dizem eles.
Em junho de 2013, milhares de pessoas foram às ruas para protestar
contra os mais diversos temas, e as manifestações ganharam força quando
se somaram às críticas contra a Copa do Mundo e ao processo eleitoral.
Na época, diversos governadores e prefeitos voltaram atrás em relação ao
aumento no valor das passagens. Em 2015, o panorama é distinto.
— É um cenário diferente de 2013, quando a questão do aumento das
passagens acabou capitaneando outros descontentamentos. Temos, agora, um
contexto um pouco diferente, mas mesmo assim preocupante. Não houve
melhora no transporte público e não tivemos nenhuma ação de Segurança
Pública que mostrasse novo viés de resposta em relação a mobilizações
comunitárias — destacou o coordenador do Núcleo de Estudos
Sociopolíticos da PUC Minas, Robson Sávio Reis Souza, membro do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública.
Para ele, o tratamento do poder público a esses manifestantes é o que
vai determinar o grau de adesão da população aos novos protestos.
— Potencialmente, é um barril de pólvora — acrescentou.
NOVAS LIDERANÇAS
O coordenador do Laboratório de Política e Governo da Unesp, Milton
Lahuerta, lembra que o mês de janeiro é desfavorável para mobilizações,
mas afirma que há campo para aumento da adesão.
— Hoje, os governantes estarão mais firmes no reajuste por conta da
crise econômica, que coloca uma necessidade de contenção de despesas
para os governos. Acredito que os atos podem crescer. Será um ano de
radicalização dos movimentos sociais e de muito conflito. Vai demandar
de todos, governantes e militantes, lucidez para encaminhar as demandas e
evitar que as coisas saiam de controle. É uma bomba relógio armada —
disse Lahuerta.
O sociólogo e cientista político Rudá Ricci afirma que há uma liderança
dos movimentos sociais nessas manifestações diferente da de 2013.
— Em São Paulo deve ter um aumento gradativo das ações porque é um
cidade que resiste muito aos governos petistas. No Rio também, porque há
um crescimento cada vez maior do PSOL, além de ações anarquistas e
autonomistas. Mas o cenário é ruim para o governo porque a população vai
sentir no bolso a crise econômica.
fonte rota2014
0 comments:
Postar um comentário