por Ruy Castro Folha de São Paulo
O presidente Afonso Pena (1903-1906) achou pouco governar com sete
ministérios e criou mais um: o da Agricultura. E olhe que, como se
aprendia na escola, o Brasil era um "país essencialmente agrícola".
Getulio foi ditador com dez ministérios e presidente constitucional, com
11. Mesmo número com que Juscelino produziu "50 anos em cinco" -e,
quando construiu Brasília, previu uma Esplanada dos Ministérios com 19
prédios, achando que chegariam até para o governante mais megalô.
Mas JK não contava com que, nos governos militares e civis que o
sucederiam, alguns ministérios se dividiriam como amebas e outros se
multiplicariam como coelhos, até chegarmos, com Dilma, ao mágico número
atual -39 pastas. Isso pode explicar em parte a colossal ineficiência
deste governo, notável até pelos padrões do PT -os ministros devem
colidir nos corredores ao tratar do mesmo assunto.
Por exemplo, há o Ministério da Agricultura e o do Desenvolvimento
Agrário. Por quê? Há o ministério da Defesa e o da Segurança
Institucional. Há o do Planejamento e o de Assuntos Estratégicos. E, se
há o da Justiça, o que faz o de Direitos Humanos? E, se há o de Direitos
Humanos, para que servem o de Políticas para Mulheres e o da Igualdade
Racial?
Há o Ministério de Cidades e há também o da Integração Nacional. Há o do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio e também o das Pequenas e Médias
Empresas. E, se há o Ministério dos Transportes, para que servem o dos
Portos e o da Aviação Civil? O ministro do Turismo é um engenheiro
agrônomo. O dos Esportes é um pastor evangélico. O da Pesca é um filho
de senador. E não ria, mas o Ministério das Relações Institucionais
trata das relações com o Congresso.
Podem-se fechar 2/3 desses ministérios. Talvez não poupe muito dinheiro. Mas faria poupar em cinismo.
extraídaderota2014blogspot





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