Pedro do Coutto
O presidente da Câmara Federal atirou em várias direções, mas principalmente atribuiu ao Poder Executivo a iniciativa de atingi-lo levando a Procuradoria-Geral da República a aceitar e divulgar a denúncia. Acusou igualmente o titular da PGR, Rodrigo Janot, de obrigar Camargo a mentir, reportagem de Júnia Gama e Maria Lima. O Globo, edição de 17, assumindo assim a responsabilidade direta e pessoal pela acusação deferida, por sinal das mais graves. Partiu ainda contra o juiz Sérgio Moro. Completou, portanto, uma sequência de ataques para se defender.
O reflexo político do episódio é enorme. Sobretudo porque, no mesmo dia, matéria de André de Souza, também publicada no Globo, revela que a Procuradoria da República em Brasília, abriu inquérito contra o ex-presidente Lula, acusando-o de tráfico de influência em favor da Odebrecht na obtenção de contratos de obras no exterior com financiamento do BNDES. A procuradora Mirela Aguiar é a autora da iniciativa.
GOVERNO CERCADO
O governo, assim, viu-se cercado por todos os lados, além de perder inevitavelmente sua base parlamentar no Congresso. A maioria no legislativo, como num passe de mágica, transformou-se em minoria. Em matéria de apoio Dilma Rousseff, agora, pode contar com quem? Não se sabe. E o vazio se ampliará a partir do instante em que Michel Temer formalizar sua saída do cargo de coordenador político.
Não pode permanecer. Sua permanência, aliás, dividiria seu próprio partido entre as correntes que vão ficar ao lado de Eduardo Cunha e aqueles dispostos a continuar na expectativa de uma convocação por parte do Planalto. Opção inviável. Pois se tal convocação não se concretizou até agora, nada indica que a concretizaria amanhã. Dessa forma, a presidente Dilma Rousseff permanece sem uma saída política visível dentro do nevoeiro que passou a envolver a cidade de Brasília. Além de tudo isso que está acontecendo, acrescente-se a forte reação popular contra sua administração e a maneira de conduzir o país.
FALTA DE CONTROLE
A impressão que se tem é que o Poder Executivo ingressou numa área de falta de controle, que se reflete numa sensação de instabilidade bastante acentuada em termos de exercício do o poder. Dilma Rousseff não consegue livrar-se das pressões que se apertam à sua volta e não possui fatos favoráveis capazes de proporcionar romper o ciclo negativo em que se encontra. Quais os argumentos de que dispõe? Podem até existir, mas deles nada se conhece. O Brasil acorda e adormece todos os dias e noites numa atmosfera de tensão cada vez maior, igual ao crescimento da impopularidade do governo que está com sua atuação colidindo com quase todas as correntes da sociedade, sem distinção de classes sociais.
Na verdade, todo mundo tem algo a reclamar, a insatisfação generaliza-se. Essa visão é geral. Impossível que somente o Planalto não perceba tanto a profundidade quanto a extensão da crise. A população brasileira já percebeu a gravidade que domina o país.
extraídadatribunadainternet
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