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22:33
ANDRADEJRJOR
EDITORIAL O ESTADÃO
Gilberto Carvalho,
ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, cumpriu mais uma vez seu
papel de fiel porta-voz do ex-presidente Lula ao atacar publicamente o
ajuste fiscal que está sendo executado pelo governo de Dilma Rousseff.
Conhecido por seu trânsito nos movimentos sociais e nos sindicatos,
Carvalho criticou a presidente sem nenhum constrangimento durante
encontro com sindicalistas no último dia 16.
"Eu tenho vergonha
de dizer: nós erramos", discursou Carvalho, utilizando o pronome pessoal
"nós" de acordo com a peculiar gramática lulista, que dá a impressão de
incluir no discurso aquele que fala, quando, na verdade, atribui toda a
responsabilidade do dito "erro" a terceiros - no caso, um governo a que
Carvalho e sua turma já não servem. Logo, a "vergonha" à qual o
ex-ministro se refere é apenas de Dilma, e não dos lulistas.
Como
se sabe, Lula está em campanha para salvar-se a si mesmo. Além de
elevar o tom nas conversas mais recentes com Dilma - consta que chegou a
gritar com sua criatura e estapear a mesa em uma de suas últimas
reuniões -, o potentado petista resolveu atiçar a militância dita
"social" contra o ajuste fiscal. Com isso, Lula pretende descolar sua
imagem de uma presidente cada vez mais isolada, empunhando a bandeira da
defesa dos trabalhadores em meio à crise.
O ajuste não é um
capricho, como sabem todos aqueles com um mínimo de bom senso. Trata-se
de um sacrifício necessário para reconstruir uma economia danificada
pela irresponsabilidade fiscal do lulopetismo. Dilma parece ter
entendido, decerto a contragosto, que o País não suportaria mais quatro
anos de tolerância com a inflação e de rombos nas contas públicas. Pois
justamente no momento em que ela mais precisa do apoio de sua base, a
começar pelo seu próprio partido e pelo seu mentor, o que ela deles
recebe é uma hostilidade crescente.
Lula, claro, não se expõe
pessoalmente. Fala por interpostas pessoas, como Gilberto Carvalho, que
passou todo o primeiro mandato de Dilma atazanando-a com os recados do
chefe. E o agora ex-ministro cobrou de Dilma que reconheça a dívida que
tem com Lula e com o PT.
"Nós tivemos uma eleição que só foi
ganha pela luta de vocês, pela luta da nossa militância. Aqueles 3
milhões de votos que nos salvaram, nós sabemos que foram graças à luta
da militância. E a gente, quando acabou a eleição, em vez de chamar o
pessoal para discutir - 'olha pessoal, vamos fazer um programa para
valer, popular' -, nós esquecemos", disse o ex-ministro. Para Carvalho,
portanto, Dilma tem contas a acertar com essa militância.
"Levou
um mês para ser chamada a CUT lá no Palácio (do Planalto). Um mês para o
MST ser chamado lá no Palácio. E viemos com um pacote que só penalizou o
lado dos trabalhadores, sem nenhuma comunicação. Devo dizer que fiquei
muito triste com isso. Esse foi um erro imperdoável que nós cometemos.
Não tem como negar. Porque assim você não faz alianças estratégicas",
declarou Carvalho, expondo a grande insatisfação dos lulistas com a
perda de espaço no governo dilmista.
Os sindicalistas se
queixaram a Carvalho de que está cada vez mais difícil mobilizar
trabalhadores para defender o governo nas ruas, em razão das
dificuldades criadas pelo ajuste. O ex-ministro respondeu que Dilma já
entendeu o "erro" que cometeu ao não ceder às demandas dos movimentos
sociais e afirmou acreditar que "a lição foi aprendida".
Essa
pressão explícita, vocalizada um dia depois do maior protesto popular
realizado contra Dilma até agora e em meio ao esfarelamento da base
governista no Congresso, deixa claro que a prioridade de Lula no momento
não é socorrer a presidente. O ex-presidente e candidatíssimo a voltar
ao cargo em 2018 está mais interessado em fazer seus eleitores
acreditarem que o atual aperto nos cintos resulta não da necessidade de
reorganizar a economia, após anos de esbórnia, mas da recusa da
presidente em lhe dar ouvidos sobre como deveria governar.
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