Em um universo com mais de 100 mil leis em vigor, normas curiosas
não faltam. As mais estranhas acabam sendo aquelas aprovadas nos
municípios, onde conseguir maioria nas câmaras de vereadores – que têm
no máximo 55 membros – é mais fácil que no Congresso Nacional ou
nas assembleias legislativas estaduais. É nelas que acontece todo tipo
de bizarrice, sobretudo nas pequenas cidades. Confira algumas delas:
1 – ABAIXO A CAMISINHA!
Decreto Municipal 82/97 (Bocaiúva do Sul, PR)
Data: 19 de novembro de 1997
Preocupado com os baixos índices de
natalidade em sua cidadezinha de 9 mil habitantes, o prefeito Élcio
Berti proibiu a venda de camisinhas e anticoncepcionais. Tudo porque a
prefeitura estava recebendo menos verbas do governo federal com o
encolhimento da população. A maluquice gerou a maior gritaria e a lei
teve de ser revogada 24 horas depois
2 – AEROPORTO ALIENÍGENA
Lei Municipal 1840/95 (Barra do Garças, MT)
Data: 5 de setembro de 1995
O então prefeito dessa cidade de 55 mil
habitantes criou uma reserva para pouso de OVNIs com 5 hectares na
serra do Roncador, tradicional reduto de ufólogos. Para azar dos ETs, o
“discoporto” ainda não saiu do papel
3 – FOLIA COMPORTADA
Lei Municipal 1790/68 (São Luís, MA)
Data: 12 de maio de 1968
Na década de 60, o então prefeito
Epitácio Cafeteira baixou o “código de posturas” do município. Entre
outras coisas, ficou proibido o uso de máscaras em festas — exceto no
Carnaval, ou com licença especial das autoridades. Para defender a
medida (que virou letra morta), o prefeito argumentou que ela ajudava a
“identificar bandidos”
4 – PREGUIÇA ECOLÓGICA
Lei de Crimes Ambientais (Governo Federal)
Data: 12 de fevereiro de 1998
A lei que regula as punições para os
crimes contra a natureza tem um agravante estranho: a pena aumenta para
crimes aos “domingos ou feriados”. É o velho jeitinho brasileiro: com
menos fiscais trabalhando nesses períodos, o governo elevou a pena para
desestimular agressões ecológicas nas folgas da patrulha. É a única lei
federal da nossa lista
5 – EM DEFEZA DO PURTUGUÊIS
Lei municipal 3306/97 (Pouso Alegre, MG)
Data: 2 de setembro de 1997
A lei aprovada pela Câmara Municipal
multa em 500 reais os donos de outdoors com erros de ortografia,
regência e concordância. Para banners e faixas, a multa é menor: 100
reais — e os infratores têm 30 dias para corrigir os deslizes. Em 1998, o
prefeito do Guarujá se inspirou na cidade mineira e reproduziu a mesma
lei na cidade do litoral paulista
6 – FRUTO PROIBIDO
“Lei da Melancia” (Rio Claro, SP)
Data: 1894
A inofensiva melancia, quem diria, foi
proibida em 1894 na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo. No
fim do século 19, a fruta era acusada de ser agente transmissor de tifo e
febre amarela, doenças epidêmicas na época. Com o tempo, a lei virou
letra morta
Bônus:
Três projetos de lei absurdos que não foram aprovados
• Em 2004, vereadores de São Paulo instituíram o uso de coletes com
airbag para os motoboys. Em novembro, a proposta foi aprovada em
votação na Câmara, mas tinha pouca chance de ser sancionada pela
prefeitura e virar lei
• Em 1999, na mineira Juiz de Fora, os vereadores sugeriram que os
cavalos e burros usassem fraldões para não emporcalhar as ruas. A
iniciativa melou
• Na década de 90, em Teresina, no Piauí,
os vereadores quiseram proibir a criação de abrigos nucleares no
município. A proposta bombástica não foi aprovada
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