Em 2013 o Superman pode ter outra aversão além de criptonita e vilões, e nem todo mundo faz questão de pagar para ver.
A
DC Comics contratou Orson Scott Card, um desembaraçado escritor de
ficção científica que se manifesta contra o movimento gay, para escrever
um enredo em duas partes para as novas “Aventuras de Superman” em HQ
digital, causando alvoroço entre os ativistas gays.
Card,
que é mais conhecido no mundo da ficção científica por seu romance “O
Jogo do Exterminador”, talvez seja mais conhecido fora desse universo
por suas críticas diretas ao homossexualismo e ao casamento entre
pessoas do mesmo sexo.
Depois
que correu a notícia de que Card, com 61 anos, conselheiro da
Organização Nacional pelo Casamento (National Organization for
Marriage), estaria entre os escritores das novas aventuras do
super-herói, o grupo AllOut.org, que defende o casamento igualitário, lançou uma petição pedindo à DC Comics que o demita.
“Ao
contratar Orson Scott Card, mesmo com seus iniciativas contrárias ao
homossexualismo, vocês estão dando a ele uma nova plataforma e
apoiando-o no seu ódio”, declara a petição, que agora tem mais de 13 mil assinaturas.
A DC Comics, divisão do conglomerado Time Warner, emitiu uma declaração na quinta-feira passada defendendo a decisão de incluir Card entre os novos escritores da série.
“Como
criadores de conteúdo, dedicamo-nos à defesa da liberdade de expressão;
no entanto, as posições pessoais dos indivíduos associados à DC Comics
são apenas isso: visões pessoais, e não as da empresa em si”, assegura a
declaração.
Da
mesma forma, as lojas de revistas em quadrinhos que receberam pedidos
de boicote à futura série se recusaram a fazê-lo, de acordo com a CNN,
também parte do grupo Time Warner.
“Alguém
nos pediu via Twitter que fizéssemos boicote à série, mas desde que
abrimos as portas, comprometemo-nos a ter tudo o que pudéssemos em
questão de histórias em quadrinhos”, comenta Mitch Cutler, dono da St.
Mark’s Comics, que funciona no bairro de East Village, em Nova York, há
quase 30 anos.
“Tenho
certeza que há nessas prateleiras, neste momento, coisas com as quais
posso não necessariamente concordar”, argumenta. “Então, embora entenda
que Card possa ter defendido coisas que aborreçam algumas pessoas, seria
bastante atípico para nós nos recusarmos a fornecer algo por essa
razão”.
Card se recusou a comentar.
Phil
Jimenez, escritor abertamente gay e artista de HQs que trabalhou em
“Astonishing X-men” e “The Amazing Spiderman”, entre outros trabalhos,
diz acreditar que a posição de Card em relação ao homossexualismo e ao
casamento entre pessoas do mesmo sexo inibe os direitos dos gays.
“No
caso de Card, não concordo com o fato de darem dinheiro a um homem que
foi agiu a favor da aprovação de leis contrárias à homossexualidade na
Califórnia”, lamentou Jimenez pelo Twitter.
“Defendo
que, para os que também se sentem como eu nessa questão, comprar o
trabalho de Card é contra seu próprio interesse social, econômico ou
mesmo legal”, acrescenta.
Em
um artigo de 2004 intitulado “Homosexual ‘Marriage’ and Civilization”
(“Casamento” Homossexual e Civilização), Card escreve, “O simples fato
de dar uma sanção legal a uma dupla homossexual e chamar o contrato de
união de ‘casamento’ não faz disso um casamento”.
O
artigo concluía que “ou as pessoas civilizadas conseguem estabelecer um
governo que proteja a família, ou os bárbaros politicamente corretos
terão uma vitória completa sobre a família; e, sem a forte estrutura
familiar da qual depende a civilização, ela irá ruir e se dissipar”.
Card,
defensor da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, vive
com a esposa Kristine em Greensboro, Carolina do Norte, e tem cinco
filhos, todos com nomes de autores famosos.
Tradução: Luis Gustavo Gentil
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