Quase dez anos longe do Brasil sem a expectativa de retornar a uma vida tranquila e comum. Sílvia Perrone tinha apenas 5 anos quando foi separada do pai, Fernando Perrone, então deputado estadual em São Paulo, que foi perseguido pelo regime militar e teve que deixar a Assembleia Legislativa às pressas e embarcar para o exílio no Chile, onde a família se reencontrou. Depois, nova mudança, para a França.Na semana passada, Sílvia, que ainda conserva o sotaque francês e as lembranças emocionadas de um período conturbado de sua vida, conseguiu ser anistiada.
Na época da saída do Brasil,
Silvia, as duas irmãs e a mãe só conseguiram reencontrar o pais dias
depois. A vida da família Perrone se resumiu, a partir daí, a acompanhar
de longe a vida no país de origem, que vivia um momento político
conturbado. No Chile, os Perrone recebiam notícias de familiares e
amigos e recepcionavam outros perseguidos militares que tiveram que
deixar o Brasil.Dois anos depois, a família inteira teve que, novamente,
se mudar. Dessa vez, foram para a França, em 1972, quando a situação de
militantes brasileiros que lutavam contra o regime militar foi
agravada."Tenho boas lembranças do Chile. Nossa casa era aberta e
recebíamos muitas pessoas e, para a gente, era uma bagunça sempre. Na
França, caiu a ficha. Meu pai percebeu que não poderia mais voltar e as
coisas ficaram mais difíceis", disse ela.Sílvia conta que as notícias de
amigos presos e assassinados começaram a chegar com mais frequência e a
situação deles em Paris se complicou. "Meu pai era visto como se fosse
um monstro. Os brasileiros turistas tinham medo de manter contato com a
gente. Tinha polícia secreta em todo lugar", contou.Desde 2001, quando a
comissão foi criada, 60 mil casos foram julgados. Deste total, 40 mil
pessoas receberam o pedido de perdão do Estado, e a maior parte delas
ainda foram indenizadas financeiramente pelas perdas e restrições que
sofreram no período da ditadura militar."É um reconhecimento de anos de
restrições. Os danos causados pelo período da ditadura são
transgeracionais e são psicológicos, físicos e de restrições de direitos
nacionais", explicou Paulo Abrão, presidente da Comissão. Segundo ele,
no primeiro momento dos trabalhos da comissão a situação dos filhos
destes perseguidos políticos era ignorada. "Hoje esta é uma questão
pacífica", disse.
0 comments:
Postar um comentário