Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Entre a cadeia e o Oscar


Por mais que não se satisfaçam com o próprio engodo, os esquerdistas sempre se autorizam a fazer aquilo que, literalmente, condenam nos outros.
1.
Por um desconhecido vídeo de 15 minutos no Youtube com críticas ao profeta Maomé, um sujeito foi preso pelo governo Obama, que o culpou pela morte de 4 americanos na Líbia em alegada reação de protesto, mesmo sabendo que se tratava de um ataque terrorista alheio ao conteúdo.

Por um filme-propaganda de 2 horas e meia ("A hora mais escura"; no original "Zero Dark Thirty"), que celebra Obama por "matar" Bin Laden e inclui cenas de afogamento de terroristas presos, a equipe da diretora Kathryn Bigelow recebeu 4 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Atriz, Roteiro Original e Edição de Som, tendo vencido nesta última.

Ora, ninguém vai sair matando americanos - muito mais do que 4 - depois de ver o filme de Bigelow? Talvez.

Mas a culpa será dela e dos produtores? Nunca!

Afinal, com o governo dando uma ajudinha providencial no acesso a informações confidenciais, eles contribuíram para a imagem de herói do presidente.

A birra de muitos "antibushianos" do show business e da política pelo filme deixar supor que os afogamentos da Era Bush foram eficazes na obtenção de pistas que levaram ao esconderijo de Bin Laden aniquilou apenas suas chances de vitória nas categorias principais do Oscar esquerdista.

Mas nada assim que dê cadeia a ninguém, sabe?

Por mais que não se satisfaçam com o próprio engodo, os esquerdistas sempre se autorizam a fazer aquilo que, literalmente, condenam nos outros.

Eles confiam plenamente na eficácia de suas técnicas.

Na hora de encontrar culpados para eventuais tragédias, jamais hesitam em afogar os neurônios alheios.

2.

Na cerimônia do Oscar, não houve maior ironia (mas pode chamar de cara-de-pau) do que o prêmio de Melhor Filme para "Argo" - que conta a história real de um resgate de 6 oficiais americanos sob ataque numa embaixada do Irã, em 1979/80 - ser anunciado por Michelle Obama, cujo marido falhou justamente no resgate de 4 oficiais americanos sob ataque numa embaixada da Líbia, em 2012.

Obama não ganhou o Oscar com a sua semiautobiografia "Lincoln", nem com o seu filme-propaganda "A hora mais escura", mas Michelle deu o ar da graça, na gigantesca telona, para manter a imagem do governo e da família, literalmente, nas alturas - sobretudo entre a população provinciana, quase brasileira, que acha muito chique isso de primeira-dama aparecer em festa de cinema - e fazer até Jack Nicholson parecer um anão.

Eu achei graça, claro. Se até o filme de um militante como Ben Affleck compromete involuntariamente o seu líder, nada como a franjinha de Michelle para distrair a massa.


 
Nota de rodapé: Se você quer continuar admirando astros hollywoodianos como George Clooney, Ben Affleck, Matt Damon, Sean Penn, Jamie Foxx e tutti quanti, o melhor mesmo a fazer é continuar sendo um analfabeto político.


Felipe Moura Brasil edita o Blog do Pim.

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