Grandes esforços são realizados pela indústria farmacêutica para evitar que o público e os professores da área de saúde saibam que as drogas antidepressivas podem causar violência e suicídios.
Joe
Wesbecker ameaçou seus colegas no passado, mas nunca foi violento. Em
1989 iniciou o uso do Prozac (fluoxetina). Um mês depois ficou agitado e
delirante. Suspeitando da medicação, seu psiquiatra suspendeu-a. Dois
dias depois, ainda com altas concentrações da droga no seu organismo,
Wesbecker, fortemente armado, dirigiu-se a seu antigo trabalho em
Louisville, Kentucky, e matou oito pessoas ferindo muitas outras.
Os
sobreviventes e os familiares dos falecidos processaram o laboratório
Eli Lilly por negligência no desenvolvimento e propaganda do Prozac e o
caso foi a julgamento em 1994. Numa nova ação contra o laboratório Ely
Lilly, um consórcio de advogados e um tribunal de Indiana me nomearam
como especialista médico e científico para o estudo das
responsabilidades sobre a produção de mais de cem produtos ligados ao
Prozac e sua relação com violência e suicídio. Com esta nomeação
tornei-me o consultor no caso de Wesbecker. O advogado de acusação
morreu e foi substituído por outro que parecia frustrar todas as minhas
tentativas para preparar nosso caso. Ele não me comunicou sobre o número
imenso de novas informações e não respondia aos meus telefonemas. Na
véspera do julgamento ele ainda se recusava a discutir qualquer coisa
comigo e, frustrado, empurrei uma série de notas cuidadosamente
preparadas por mim, dizendo: ‘Se você não me perguntar estas questões,
perderemos o caso’.
Quando
testemunhei o advogado fez de tudo para sufocar meus mais importantes
testemunhos contra o Eli Lilly. Vários jurados votaram pela tese da
negligência do laboratório, mas este ganhou por 9 a 3. Um único voto a
mais tornaria o júri incapaz de tomar uma decisão. (N. do T.: 8 a 4 é
considerado assim nesses casos). Eli Lilly e a grande mídia relataram
que o júri isentou o laboratório e a marca Prozac de qualquer
responsabilidade para sempre.
Posteriormente
eu não sabia se o advogado era incompetente ou, como minha mulher
Ginger suspeitava, tinha sido comprado antes pelo laboratório para
perder a causa. O juiz, John Potter, descobriu mais tarde que o
julgamento tinha sido arranjado.
O
juiz Potter desconheceu o falso julgamento mudando o resultado para
‘prejuízo’ em relação à companhia. Mas a grande mídia não deu cobertura à
nova direção tomada pelo caso. Apesar de eu ter escrito extensamente
sobre o assunto em meu livro “Medication Madness” (2008), o verdadeiro
resultado do julgamento permanece até hoje desconhecido, até entre os
psiquiatras e especialistas em assuntos legais.
Columbine
Em 1999 Eric Harris, juntamente com Dylan Klebold matou vários estudantes e um professor na Columbine High School in Colorado. Eu fui o especialista em psiquiatria em diversos casos que tratavam do massacre de Columbine, e nenhum deles foi a julgamento. Através da documentação médica descobri que Harris usava o antidepressivo Luvox por prescrição médica há um ano, antes dele se tornar profundamente perturbado. Harris permaneceu tomando Luvox por um ano tornando-se tomado pelo ódio e pela violência. Na necropsia ele tinha um elevado índice de Luvox no sangue.
Em
Manitoba, Canadá, um garoto de 16 anos subitamente enfiou uma faca no
peito de um de seus melhores amigos, matando-o. Ele não tinha história
de violência ou doença mental séria e estava tomando Prozac há três
meses antes deste assassinato. Quando sua mãe disse ao psiquiatra que
Prozac estava piorando seu filho, o médico aumentou a dose. Dezessete
dias depois, sem nenhuma provocação, ele matou seu colega.
Aurora
Antes do massacre no Cinema de Aurora, Colorado, em 2012, James Holmes estava sob tratamento psiquiátrico pela clínica da universidade. Já que ele estava com um psiquiatra preocupado com sua periculosidade, era certo que Holmes estava ou tomando medicação psiquiátrica ou andava fugindo da medicação na ocasião do massacre. Não sabemos se o atirador em Newtown, Adam Lanza, tomava medicação psiquiátrica, porém num artigo de 14 de dezembro no Washington Post, um amigo da família disse que ‘ele estava sendo medicado’. Há inúmeras evidências de que ele era anti-social e tinha sido diagnosticado psiquiatricamente e tratado.
Antes do massacre no Cinema de Aurora, Colorado, em 2012, James Holmes estava sob tratamento psiquiátrico pela clínica da universidade. Já que ele estava com um psiquiatra preocupado com sua periculosidade, era certo que Holmes estava ou tomando medicação psiquiátrica ou andava fugindo da medicação na ocasião do massacre. Não sabemos se o atirador em Newtown, Adam Lanza, tomava medicação psiquiátrica, porém num artigo de 14 de dezembro no Washington Post, um amigo da família disse que ‘ele estava sendo medicado’. Há inúmeras evidências de que ele era anti-social e tinha sido diagnosticado psiquiatricamente e tratado.
Notem
que todos os cinco (Wesbecker, Harris, Holmes, Lanza, e o adolescente
canadense) estavam sob cuidados psiquiátricos antes ou quando cometeram
seus crimes. Acrescente-se que o atirador na Virginia Tech estivera
hospitalizado um ano antes de matar seus colegas.
Esses
eventos confirmam que o envolvimento em tratamentos psiquiátricos com
ênfase nas drogas psicoativas não protege contra horrendos atos de
violência. A psiquiatria é a causa, não a cura, da violência em massa, e
buscar ajuda na psiquiatria apenas nos impede de procurar soluções
genuinamente efetivas.
Peter R. Breggin é psiquiatra e autor de vários livros e artigos científicos sobre os efeitos adversos das drogas sob prescrição, incluindo “Medication Madness” (2008). Seu ultimo livro é “Psychiatric Drug Withdrawal: A Guidebook for Prescribers, Therapists, Patients and Their Families” (2013).
Tradução: Heitor De Paola
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