Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Guttmacher usa dados falhos para promover aborto em Uganda



Instituto globalista lamenta: “embora a fertilidade desejada esteja diminuindo, muitos ugandenses ainda querem famílias grandes e não aprovam o aborto”.

Um recente relatório do Instituto Guttmacher sobre Uganda recomenda maior acesso à contracepção e aborto como meio de melhorar a saúde das mulheres e reduzir gravidezes inesperadas. Contudo, a organização que defende o aborto usa dados questionáveis para promover suas prioridades em pessoas que, ela reconhece, querem filhos e rejeitam o aborto.

O Instituto Guttmacher estima que pouco mais de 54% das gravidezes em Uganda sejam inesperadas, e “o nível elevado de gravidez inesperada e a lacuna entre fertilidade real e desejada em Uganda pode ser atribuída em grande parte ao uso insuficiente de contraceptivos”. De acordo com dados de 2006 da Divisão de Estatísticas da ONU, a necessidade não atendida de contracepção em Uganda é 38%.
Pelo raciocínio da instituição, um maior acesso a contraceptivos em Uganda reduziria a taxa de gravidez inesperada. Mas os Estados Unidos, que se gabam de uma necessidade não atendida de contracepção de apenas 6-7%, são também classificados como tendo aproximadamente metade de suas gravidezes como inesperadas .
Embora especialistas chamem o conceito de “necessidade não atendida” de contracepção de “sem base”, permanece a base para a exigência do Fundo de População da ONU que quer 8,1 bilhões anualmente para o planejamento familiar no mundo todo.
Gravidezes inesperadas têm mais probabilidade de terminar em abortos nos Estados Unidos do que em Uganda: 47% em comparação com 30% em Uganda (Veja o gráfico 2).
O relatório do Guttmacher afirma que uma combinação de leis confusas, falta de conhecimento com relação às opções pessoais e estigma devido a uma atitude negativa geral para com o aborto torna o aborto em Uganda inseguro.
Ainda que reconheça que o aborto é legal em algumas circunstâncias em Uganda, o Guttmacher lamenta: “Embora a fertilidade desejada esteja diminuindo, muitos ugandenses ainda querem famílias grandes e não aprovam o aborto”.
Estimativas de mortalidade maternal relacionadas ao aborto em Uganda variam. O Guttmacher cita fontes inéditas estimando que até 26% de mortes maternas são devido a abortos inseguros, um índice que é o dobro dos índices que o Ministério da Saúde de Uganda afirma em seu relatório anual 2011-2012. Embora o uso da estatística mais elevada reforce o argumento do Guttmacher em favor de maior acesso ao aborto, se estiver incorreto, subestima e arrisca desviar a atenção de outras causas de morte materna, tais como hemorragia.
Embora o Guttmacher reivindique maior acesso a contraceptivos e abortos, o Ministério da Saúde de Uganda expôs suas próprias prioridades para a saúde materna. O Plano Estratégico de Uganda para 2010-2015 (PDF) atribui lentas melhorias em mortalidade maternal à “falta de (recursos humanos), medicamentos, suprimentos, edifícios apropriados e equipamento, inclusive transporte e equipamento de comunicação para encaminhamento a especialistas”.
Melhorias na assistência geral de saúde beneficiariam mais do que apenas gestantes, provavelmente também reduziriam a mortalidade relacionada ao aborto. Pesquisadores da Organização Mundial de Saúde apontam para o fato de que infraestrutura de saúde adequada “tem mantido a mortalidade relativamente baixa na América Latina, e o índice de fatalidade dos casos de abortos inseguros é praticamente igual ao da Europa”, apesar da ausência de leis liberais de aborto na região.
O interesse do Instituto Guttmacher em Uganda pode ter mais a ver com o controle populacional do que em ajudar os cidadãos do país a alcançarem os resultados que querem. Conforme seu relatório aponta: “Uganda, um país de aproximadamente 35 milhões (inclusive 8 milhões de mulheres em idade reprodutiva), tem um dos índices mais elevados de crescimento populacional no mundo”.

Publicado no ‘Friday Fax’ do C-FAM.

Tradução: Julio Severo


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