Durante o carnaval um desembargador de Mato Grosso liberou traficantes internacionais de droga durante o seu plantão no Tribunal de Justiça. No ano passado dois outros desembargadores mandaram soltar 40 assaltantes, assassinos, traficantes e arrombadores de caixas eletrônicos porque o Ministério Público errou uma formalidade processual. Magistrados estão com “a mão doendo de tanto assinar liberação de criminosos”, confidenciou-me um magistrado.
Nesta semana um desembargador
aposentado foi assaltado e humilhado junto com a sua família. São faces de uma
mesma moeda. Um dos assaltantes foi preso e será solto, como são todos os
demais, caso haja uma vírgula mal colocada no inquérito. O fato é que a
violência saiu do controle da sociedade. É disso que gostaria de falar neste
artigo. O descaso dos senhores magistrados acabará se virando contra eles
mesmos e as suas famílias. Questão só de tempo, do jeito que as coisas estão
caminhando.
O número de jovens acima de 15
anos que entram no crime representa a quase totalidade da criminalidade.
Entram, ficam. Aos 30 anos já são excelentes profissionais. Pior: sentem muito
orgulho de serem o que são. Entre eles é motivo de heroísmo aparecer na TV
algemado, e mais herói ainda trocar tiros com policiais e um deles ficar
ferido. São medalhas de identidade. É a sua cidadania! Não invento isso. Ouvi
de um coronel da PM, lúcido e culto. Onde moram, as moças adoram os seus
heróis.
Então, nós não estamos falando de
polícia e nem de justiça. Estamos falando de deformações da própria sociedade.
Mas não foram criadas por ela. Foram criadas pela falta de políticas públicas
elementares como a educação. Esses jovens de 14 a 30 anos, que são a maioria
dos criminosos, não receberam educação escolar na infância e, portanto,
desconhecem todos os valores sociais como o valor da vida, o valor do
patrimônio de cada pessoa. Lamentavelmente, disse-me aquele coronel e já ouvi
de um delegado de polícia também culto e humanista: “são bichos urbanos!”.
Esse ambiente de guerra civil
que vivemos entre os “bichos urbanos”, imaturos e animalizados de um lado, e
uma sociedade amedrontada e omissa de outro, só será resolvido com prevenção
social. Mas é aí que está a complicação. Seria preciso que o poder público se
comprometesse. Difícil, difícil, porque não rende votos. Além da insegurança
pública ser um inesgotável discurso eleitoral, ainda rende muito dinheiro para
gestores públicos. Prevenir não elege ninguém!
Logo, só a sociedade seria
capaz de apontar rumos, caso se tocasse. Não creio! Melhor discutir esses
assuntos e outras amenidades na mesa do bar...!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br
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