Direto ao Ponto-Blog do jornalista Augusto Nunes
“Quando a gente quiser ter orgulho de
alguma coisa neste país, a gente lembra da Petrobras mais do que o Carnaval,
mais do que o futebol”, comunicou em 29 de outubro de 2010 o ainda presidente
Lula. “A Petrobras é a certeza e a convicção de que este país será uma grande
nação”. Nem sempre fora assim, ressalvou o palanque ambulante. Fundada em 3
de outubro de 1953, a empresa nasceu de novo quando a Divina Providência
presenteou o grotão sul-americano com o maior dos governantes desde Tomé de
Souza.
Entre tantas ideias luminosas, foi Lula
quem descobriu que a estatal merecia ser comandada pelos companheiros José
Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli. Em dois anos e meio no cargo, o Zé
geólogo ajudou o chefe a desmatar a trilha que conduz à autossuficiência em
petróleo. Nos seis anos seguintes, o Zé economista ajudou o chefe a localizar
a rota que leva às jazidas do pré-sal ─ um colosso nas funduras do Atlântico
que antecipou a inauguração do Brasil Maravilha.
“Vamos usar esse petróleo para resolver um
problema crônico de investimento na educação e para tirar esse atraso”,
anunciou Lula em agosto de 2008. “Vamos usar parte desse dinheiro para
resolver o problema dos miseráveis desse país, das pessoas que ainda não
conquistaram cidadania”. Já de olho no gabinete presidencial, Dilma Rousseff
achou essencial explicar que “o pré-sal é um recurso tão importante para a
nossa geração e próximas que é de fato um conjunto da população brasileira”.
Enquanto tentavam entender a primeira
frase, os ouvintes foram apresentados pela Mãe do PAC a outras preciosidades
em dilmês primitivo. “Isso define o princípio que vai nortear o governo sobre
seu uso, que é tomar todas as medidas para transformar esse grande recurso em
fonte que vai permitir que os brasileiros tenham melhoria da educação, das
condições que permitirão que avancemos em direção à sociedade do
conhecimento, que inova e faz pesquisa, e pela forma que chegamos ao
pré-sal”.
Em setembro de 2009, no discurso
transmitido por uma cadeia nacional de rádio e TV, Lula concedeu ao pré-sal o
título de “Dádiva de Deus”, reduziu a traidores da pátria os que ousaram
duvidar da eficácia da Petrobras, condenou à danação eterna os pessimistas de
ofício e, caprichando na pose de Pedro III, proclamou a Segunda
Independência. Terminado o palavrório, milhões de crédulos sem cura foram
dormir na OPEP. E só neste começo de 2013 deixaram de sonhar com o litro de
gasolina abaixo de 10 centavos.
Um ano depois da substituição de Gabrielli
por Graça Foster, despertadas pelo desabamento dos lucros e dos
investimentos, as vítimas da tapeação enfim começam a enxergar o que a
fantasia em frangalhos procurou esconder. A autossuficiência em petróleo
nunca existiu. A aventura do pré-sal não desceu do palanque. As jazidas de
dimensões colossais jamais foram vistas fora da imaginação dos engarrafadores
de nuvens. A festa acabou. E agora, Josés? O que tem a dizer a dupla de
nulidades? E o Primeiro Farsante, tem algum álibi a apresentar?
A estatal de matar de inveja qualquer
similar estrangeira é tão real quanto a transposição das águas do São
Francisco, o trem-bala, a erradicação da miséria, o terceiro aeroporto de São
Paulo, a inocência de Lula ou a competência de Dilma Rousseff. A Petrobras
especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a
quermesse dos patriotas de galinheiro.
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