Percival Puggina
Já me defrontei várias vezes com alguns desses cãezinhos que, embora aparentemente apenas barulhentos, a qualquer descuido te atacam os calcanhares. Lembrei-me deles ao assistir as manifestações que militantes do PT e do PCdoB prepararam para recepcionar Yoani Sanchez em sua visita a algumas capitais brasileiras. Latiam palavras de ordem e só não morderam a senhora porque não sairia bem nas fotos.
Essas manifestações correspondem ao que foi previamente denunciado pela revista Veja: a embaixada de Cuba organizou, dias atrás, reunião com representantes dos dois partidos mencionados. Nesse encontro, visando a preparar essas manifestações através das redes sociais, foram distribuídos CDs com informes sobre a visitante. A reunião de fato ocorreu e o Planalto confirmou o inimaginável: um membro da equipe do ministro Gilberto Carvalho foi convidado e compareceu! A embaixada de Cuba proporcionou mais uma demonstração de que continua tratando o Brasil como quintal de Fidel Castro. Há uma boa lista de precedentes.
Tenho grande dificuldade de compreender como Yoani Sanchez consegue fazer o que faz em Cuba. A personagem não se encaixa no bom conhecimento que tenho da situação cubana. Quando colocada diante dessa perplexidade, ela explica que se tornou demasiadamente conhecida para que as autoridades atuem com rigor contra ela. A resposta é quase satisfatória, mas tropeça na segunda pergunta: como foi que ela, desconhecida, conseguiu afrontar as barreiras do sistema repressivo até ganhar, de fato, grande notoriedade? Por dever de consciência, digo aos leitores o que sei e não vou além porque não me exponho ao risco de cometer injustiça. Meu tema, aliás, é outro. Tomarei Yoani Sanchez pelo que diz ser, a embaixada de Cuba pelo que organizou e os manifestantes pelo que são. Nessa perspectiva, resulta inevitável denunciar o caráter totalitário, antidemocrático e fascista dessa fraternidade ideológica e partidária organizada em matilha no Foro de São Paulo. Mordem quem se atreve a divergir deles. E mordem quem diz que eles fazem isso. Depois, dormem tranquilos, recostados no travesseiro de pedra de suas consciências.
Eis por que, leitores, tanto me interesso pela questão cubana. Cuba não é apenas um museu da arqueologia política, onde ainda passeiam como senhores da terra os dinossauros do totalitarismo comunista. Ela é, também, nas opiniões que se emitem aqui sobre o regime lá incrustado, um excelente filtro para identificar muitos charlatães da democracia. Dize-me a quem vaias e dir-te-ei quem és.
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A generosa renúncia da Bento XVI abriu sinal verde, manchetes e microfones para os inimigos ideológicos da Igreja. Eles aprenderam, na lida da Agitprop (fração do Comitê Central do PC soviético para agitação e propaganda internacional), que suas ideias não avançaram no oeste da Europa e na América por afrontarem os consolidados valores cristãos da população. Então, cheirando a enxofre, atacam a Igreja Católica por dentro e por fora. Mas não prevalecerão contra ela! A renúncia abriu tráfego e mídia, também, para os devotos da religião do non credo. Cruzes! O mundo quase acabou onde influenciaram o poder! Mas investem, arrogante e desrespeitosamente, sobre a fé do povo simples. Fé, também, dos mais sábios dentre os sábios. Dize-me a quem ofendes e dir-te-ei quem és.
ZERO HORA, 24/02/2013
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