ESCÂNDALO, BAIXARIA, ILEGALIDADE – Embaixador cubano no Brasil promove conspirata com petistas para difamar dissidente e confessa que agentes do regime atuam ilegalmente por aqui; assessor de Gilberto Carvalho vai a reunião e depois viaja a Cuba para seminário sobre “ciberguerra”. Eis a casa da mãe Dilmona
Vejam este rapaz com arzinho nerd e aparência meio suarenta?
Ele se diz “cientista político” e técnico em telecomunicações. Segundo afirma a respeito de si mesmo, tem 35 anos e gosta de “problematizar as transformações sociais no contexto das novas tecnologias”. Huuummm…
Em português, isso quer dizer que ele curte mexer com a Internet. E
como! É assessor do secretário-geral da Presidência da República,
Gilberto Carvalho. E se meteu numa nojeira, que faz sentido. Já chego
lá.
Escrevi
ontem um post sobre a viagem que a presidente Dilma Rousseff vai fazer à
Guiné Equatorial e a fala estúpida de certa senhora do Itamaraty, uma
tal Edileuza, que desqualificou qualquer questionamento que se possa
fazer sobre a permanente agressão aos direitos humanos praticada naquele
país. Tratei, então, da intimidade dos petistas com ditaduras, citando
especificamente o caso de Cuba. Pois é… Reportagem publicada na VEJA
desta semana traz informações espantosas. Deveria render, nesta ordem,
a) a demissão do ministro Gilberto Carvalho (não vai acontecer); b) a
demissão de um assessor de Carvalho (não vai acontecer); c) a
convocação, por Dilma, do embaixador cubano no Brasil para prestar
esclarecimentos (não vai acontecer); d) a reunião imediata da Comissão
de Relações Exteriores do Senado para exigir providências do Itamaraty e
para ouvir a Polícia Federal e a Abin sobre a atuação ilegal de espiões
cubanos no Brasil (não vai acontecer também). Transcrevo, em azul, o
primeiro parágrafo da reportagem de VEJA. Volto em seguida:
A
blogueira Yoani Sánchez desembarca no Brasil nesta semana para divulgar o
livro De Cuba, com Carinho, uma coletânea de seus textos sobre o triste
cotidiano do povo cubano sob a ditadura dos irmãos Fidel e Raúl Castro.
O trabalho rendeu à dissidente uma perseguição implacável. Ela foi
sequestrada, torturada e, durante anos, impedida de deixar o país. É
rotulada de mercenária pelos comunistas da ilha e acusada de trair os
princípios revolucionários. O que Yoani não sabe é que, apesar da
distância que separa o Brasil de Cuba — 5 000 quilômetros —, ela não
estará livre dos olhos e muito menos dos tentáculos do regime
autoritário. Para os sete dias em que permanecerá no Brasil, o governo
cubano escalou um grupo de agentes para vigiá-la e recrutou outro com a
missão de desqualificá-la a partir de um patético dossiê. Uma conspirata
oficial em território estrangeiro contra quem quer que seja é uma
monumental afronta à soberania de qualquer nação. Esse caso, porém,
envolve uma inquietante parceria. O plano para espionar e constranger
Yoani Sánchez foi elaborado pelo governo cubano, mas será executado com o
conhecimento e o apoio do PT, de militantes do partido e de pelo menos
um funcionário da Presidência da República.
Voltei
No dia 6 de fevereiro, o embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora Rodríguez, reuniu um grupo de militantes do PT e do PC do B na embaixada do seu país, em Brasília, para passar um dossiê — e como os petistas gostam disso, não é? — desqualificando Yoani Sánches, acusada de ser “uma mercenária, financiada pelo governo dos Estados Unidos para trabalhar contra a Revolução Cubana, contra o povo, contra os trabalhadores”. Cada um dos convidados recebeu um disquete contendo o material e uma recomendação: o dossiê tinha de circular na Internet, mas sem divulgar a origem das informações. Um deles, dessas almas caridosas, até sugeriu que os “movimentos sociais” fizessem um abaixo-assinado contra a presença da dissidente cubana no Brasil. O embaixador achou que isso levaria muito tempo. Alguns dos presentes consideraram que era sujeira além do aceitável mesmo para os elásticos padrões morais das esquerdas e caíram fora.
No dia 6 de fevereiro, o embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora Rodríguez, reuniu um grupo de militantes do PT e do PC do B na embaixada do seu país, em Brasília, para passar um dossiê — e como os petistas gostam disso, não é? — desqualificando Yoani Sánches, acusada de ser “uma mercenária, financiada pelo governo dos Estados Unidos para trabalhar contra a Revolução Cubana, contra o povo, contra os trabalhadores”. Cada um dos convidados recebeu um disquete contendo o material e uma recomendação: o dossiê tinha de circular na Internet, mas sem divulgar a origem das informações. Um deles, dessas almas caridosas, até sugeriu que os “movimentos sociais” fizessem um abaixo-assinado contra a presença da dissidente cubana no Brasil. O embaixador achou que isso levaria muito tempo. Alguns dos presentes consideraram que era sujeira além do aceitável mesmo para os elásticos padrões morais das esquerdas e caíram fora.
No encontro, Rodríguez passou outra informação estupefaciente: segundo ele, agentes
cubanos acompanharão cada passo de Yoani no Brasil, vinte e quatro
horas por dia. Atenção! Tudo isso constitui uma afronta à soberania
brasileira. Representantes diplomáticos não participam de conspiratas
políticas em solo estrangeiro, digam elas respeito ou não a seu país de
origem. E o que dizer, então, sobre a ação dos espiões?
NOTA – Essa reunião aconteceu no dia 6. Um
dia antes, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maxililien Sánchez,
havia participado de um ato promovido por José Dirceu contra o Poder
Judiciário brasileiro e as oposições. O Brasil virou a casa da mãe
Dilmona!
Agora o meio suarento
O escândalo poderia parar por aqui. Mas a coisa é muito mais grave. E voltamos lá ao suarento que gosta “de problematizar transformações”. Trata-se de Ricardo Augusto Poppi Martins, militante do PT e assessor direto de Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência. É o coordenador-geral de “Novas Mídias e Outras Linguagens de Participação”. A função de Carvalho no governo é “dialogar com os movimentos sociais”, razão por que a página da pasta na Internet lembra uma federação de ONGs. Os nomes, telefones e e-mails de todos os seus coordenadores estão disponíveis. Se você quiser falar com o Ricardo, o telefone é (61) 3411 5897, e seu e-mail, ricardo.martins@presidencia.gov.br. Talvez ele forneça mais detalhes do encontro. Ouviu os planos de conspiração do embaixador, a confissão da ação ilegal de agentes cubanos no Brasil e saiu de lá levando um CD. E tudo durante o expediente.
O escândalo poderia parar por aqui. Mas a coisa é muito mais grave. E voltamos lá ao suarento que gosta “de problematizar transformações”. Trata-se de Ricardo Augusto Poppi Martins, militante do PT e assessor direto de Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência. É o coordenador-geral de “Novas Mídias e Outras Linguagens de Participação”. A função de Carvalho no governo é “dialogar com os movimentos sociais”, razão por que a página da pasta na Internet lembra uma federação de ONGs. Os nomes, telefones e e-mails de todos os seus coordenadores estão disponíveis. Se você quiser falar com o Ricardo, o telefone é (61) 3411 5897, e seu e-mail, ricardo.martins@presidencia.gov.br. Talvez ele forneça mais detalhes do encontro. Ouviu os planos de conspiração do embaixador, a confissão da ação ilegal de agentes cubanos no Brasil e saiu de lá levando um CD. E tudo durante o expediente.
Mas não
adianta tentar falar com o “problematizador” antes de segunda. Sabem
onde ele está? Em Cuba! Viajou no dia 7 para participar de um encontro
na ilha sobre “ciberguerra” e “novas formas de comunicação de rede e
batalhas políticas”. Informa a VEJA que, na semana passada, o manifesto
produzido pelo tal encontro já estava na rede. Reproduzo mais um trecho
da reportagem (em azul):
Entre as resoluções finais aprovadas,
constam “o apoio às reivindicações de Cuba contra as restrições para
acessar serviços de computador e internet, junto a autoridades e
empresas nos Estados Unidos”, e “a solidariedade de todos com a
Revolução Bolivariana e o presidente Hugo Chávez, diante dcampanhas de
mídia e da ação desestabilizadora dos inimigos do processo
revolucionário na Venezuela”. Poppi, portanto, foi a Cuba em missão
oficial, com as despesas pagas pelo contribuinte, para, segundo a pauta
disponibilizada pelos próprios organizadores do evento, apoiar ditaduras
e aprender a usar a internet para destruir reputações de quem não pensa
como ele, exatamente como planejam fazer com a blogueira Yoani Sánchez.
Yoani toma cerveja e come bananas!
O dossiê contra Yoani traz algumas fotos para provar que ela vive uma vida nababesca e evidenciar seus hábitos burgueses, certamente financiados pelos “inimigos da revolução”. Numa delas, ela aparece com amigos tomando cerveja. Em outra, comprando um artigo de luxo chamado “banana”. É isto: no regime liderado pelos assassinos Fidel e Raúl Castro, tomar cerveja e comer banana podem ser privilégios inaceitáveis.
O dossiê contra Yoani traz algumas fotos para provar que ela vive uma vida nababesca e evidenciar seus hábitos burgueses, certamente financiados pelos “inimigos da revolução”. Numa delas, ela aparece com amigos tomando cerveja. Em outra, comprando um artigo de luxo chamado “banana”. É isto: no regime liderado pelos assassinos Fidel e Raúl Castro, tomar cerveja e comer banana podem ser privilégios inaceitáveis.
Leiam a íntegra da reportagem. Não é a
primeira vez que os petistas aparecem enrolados com o regime cubano. Já
houve o caso dos dólares para a campanha de Lula em 2002, que teriam
chegado em caixas de rum. Em 2007, o então ministro da Justiça, Tarso
Genro — aquele que manobrou para que o terrorista Cesare Battisti
ficasse no Brasil — devolveu a Fidel Castro os boxeadores Guillermo
Rigondeaux e Erislandy Lara, que haviam fugido do regime, desertando
durante os Jogos Pan-Americanos.
Carlos Zamora Rodríguez, embaixador de Cuba: ele confessou que agentes
cubanos atuam ilegalmente no Brasil. E a capa de VEJA sobre os dólares
cubanos para Lula
Vemos
que eles não têm limites e podem ir sempre mais longe. A campanha que o
embaixador cubano arquitetou contra Yoani segue o padrão, não custa
lembrar, empregado por aqui pela rede de blogs sujos financiada por
estatais. Estamos falando com especialistas em destruir a reputação
alheia. Ou alguém vai a um seminário, promovido por uma ditadura, sobre
“ciberguerra” e “novas formas de comunicação de rede e batalhas
políticas” com bons propósitos?
Com a palavra, a presidente da República.
Com a palavra, o Ministério da Justiça.
Com a palavra, o Senado Federal.
Com a palavra, a Polícia Federal.
Com a palavra, a Abin.
Com a palavra, o Ministério Público Federal.
Com a palavra, os líderes das oposições.
Por Reinaldo Azevedo
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