Órgão federal deu R$ 1,2 mi para assessor de deputado
Verba saiu de autarquia controlada por favorito à presidência da Câmara
Dinheiro do governo de combate a desastres foi -via prefeituras- para empresa de auxiliar de Henrique Alves (PMDB)
Folha de S. Paulo -
Leandro Colon - de Brasília
A
empresa de um assessor do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo
Alves (RN), recebeu pelo menos R$ 1,2 milhão de um órgão do governo
federal controlado politicamente pelo deputado.
Os
recursos saíram dos cofres do Dnocs (Departamento Nacional de Obras
Contra as Secas), ligado ao Ministério da Integração Nacional e sob a
influência de Henrique Alves desde a gestão Lula.
O deputado indicou o diretor-geral atual, Emerson
Fernandes Daniel Júnior, e o anterior, Elias Fernandes, ambos do Rio
Grande do Norte.
Ele é o favorito na eleição
à presidência da Câmara, em fevereiro, com apoio da base do governo
Dilma Rousseff e de partidos da oposição.
A
Folha revelou ontem que emendas parlamentares do deputado aos
ministérios do Turismo e das Cidades também foram parar na mesma empresa
por meio de convênios das pastas com prefeituras do Rio Grande do
Norte.
Henrique Alves indicou o destino do
dinheiro, o governo federal liberou o recurso, que voltou para o
assessor lotado no gabinete da Câmara.
CONVÊNIOS
A
empresa que obteve esses recursos -tanto os liberados pelo Dnocs como
os com origem nas emendas parlamentares- é a Bonacci Engenharia e
Comércio Ltda.
Ela tem como um dos sócios
Aluizio Dutra de Almeida, assessor do gabinete do líder do PMDB na
Câmara e tesoureiro do diretório regional do partido, presidido pelo
próprio Henrique Alves.
A influência do
deputado no órgão federal existe ao menos desde 2007, quando ele indicou
com sucesso Elias Fernandes, hoje secretário-geral do PMDB potiguar,
para ser diretor-geral do Dnocs.
De lá para
cá, o órgão fez convênios com as cidades de Alto do Rodrigues, São João
do Sabugi e Coronel Ezequiel (todas do RN), na área de combate a
desastres.
Em junho de 2010, a prefeitura do
primeiro município fechou a contratação da empresa do assessor de
Henrique Alves por R$ 630 mil para cuidar do convênio com o Dnocs, no
mesmo valor, para a construção de 40 casas.
No
mesmo ano, a Prefeitura de São João do Sabugi usou os recursos do órgão
para pagar R$ 420 mil à Bonacci para construir barragens.
A
empresa prestou o mesmo tipo de serviço para a Prefeitura de Coronel
Ezequiel por R$ 142 mil, dinheiro que também saiu de um convênio com o
Dnocs assinado por Elias Fernandes.
Além do
assessor do deputado, a empreiteira tem como sócio Fernando Leitão de
Moraes Júnior, irmão de Hermano Moraes, vice-presidente do PMDB no RN e
que disputou (e perdeu) a eleição para prefeito de Natal em 2012.
Na ocasião dos convênios, os prefeitos das três cidades eram do PMDB, mesmo partido de Henrique Alves.
Em
janeiro do ano passado, Elias Fernandes teve de deixar a direção-geral
da autarquia em meio à acusação de irregularidades no cargo.
Um
relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) apontou desvio de R$
192 milhões em obras tocadas pelo órgão. No lugar dele, Henrique Alves
emplacou Emerson Fernandes Daniel Júnior
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