Jornalista Andrade Junior

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A violência da luta armada urbana

A violência da luta armada urbana
F.Dumont, janeiro de 2013
Contam-se aos milhares os casos conhecidos da violência comunista contra a pessoa, escudada num estranho valor moral que privilegia a revolução proletária em relação ao indivíduo, os fins justificando os meios.
Merleau-Ponty tentou explicar essa violência: "A astúcia, a mentira, o sangue derramado, a ditadura, são justificados se tornam possível o poder do proletariado e dentro desta medida somente." 1
A violência, segundo a esquerda radical, seria válida se cometida em nome da classe operária e de seu representante, o Partido Comunista, em suas múltiplas e atomizadas nuances.
Lenin, em seu "testamento", havia indicado seis homens que poderiam substituí-lo na condução do Estado Soviético: Stalin, Zinoviev, Kamenev, Rykov, Bukharin e Trotsky.
Stalin, elegendo-se Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), não conseguiu eliminar a oposição que lhe faziam os grupos internos dirigidos pelos outros cinco.
Na década de 30, a URSS vivia sob o clima da ameaça de uma guerra mundial e da questão sobre se seria possível enfrentá-la com a existência de uma oposição interna a Stalin, na cúpula do PCUS.
Os denominados "processos de Moscou" foram as respostas dessa questão e os opositores, sucessivamente, eliminados. Zinoviev e Kamenev foram fuzilados em 1936, Rykov em 1937, Bukharin em 1938 e Trotsky, que já estava banido da URSS desde 1929, foi assassinado em 1940, no México.
E isto para citar, apenas, os dirigentes da cúpula do PCUS.
Torna-se difícil, entretanto, imputar a Stalin a única culpa pelos crimes, como desejava Trotsky. Em um regime que dá a uma classe um poder total e ditatorial, qualquer homem poderia utilizá-lo para impor o terror sobre as demais parcelas da sociedade.
Alguns anos mais tarde, Tito, chefe do governo iugoslavo, afirmaria que os erros e os crimes cometidos resultavam mais do sistema soviético do que das falhas morais do ditador, cuja ascensão tal sistema proporcionou.
De qualquer modo, foi Stalin quem inaugurou a violência comunista contra seus opositores.
No Brasil, fanatizados pela mesma ideologia e animados pelos mesmos propósitos que os conduziram à Intentona de 1935, os comunistas deram seguidas demonstrações de inaudita violência, ao perpetrarem crimes, com requintes de perversidade, para eliminar, não só seus "inimigos" - as forças policiais -, mas, muitas vezes, seus próprios companheiros.
O "Tribunal Vermelho", criado para julgar, sumariamente, todos aqueles que lhes inspiravam suspeitas e receios, arvorava-se em juiz e executor, fornecendo, às organizações comunistas, um espectro patético e trágico.
A seguir, observa-se um quadro estatístico dos assaltos criminosos dos comunistas, na luta armada urbana que desencadearam no Brasil, de 1964 a 1973, quando a violência foi levada aos limites do absurdo.

ANOS                                         64    65       66         67      68       69      70     71   72    73 TOTAL
BOMBAS                                    01     03       17        12       58       80      11    15    02    01    200
BANCOS                                   00     00       00        02       23     121   100     20    22    01      289
TRANSPORTE DE VALORES   00      00      00        00       06       20     27    18    03    00       074
EMPR. ARMAS/EXPLOSIVOS   00      00      00        01       08       16     11     11    05    00      052
ORGANIZAÇÕES MILITARES   00      00      00        00       13      19      13     05    03    00      053
ASSALTOS DIVERSOS            00      00      00        00       33    149    184   428    40    08       842
Não estão computados os roubos e incêndios de veículos. Para cada ação, sabe-se que roubavam de um a dois carros. Pode-se, sem medo de errar, estimá-los em mais de mil.
Não aparecem, também, os sequestros de diplomatas (5 em 1969/70) e sequestros de aviões (13, de 1969 a 1972).
Quanto aos crimes contra a pessoa, entre vítimas civis inocentes e forças legais, tivemos 115 mortos, 597 feridos e 18 justiçamentos. E, tudo isso, apenas contando as ações armadas na luta urbana, sem somar as ações da guerrilha rural do Araguaia.
Esse quadro, entretanto, é uma pálida estatística: dezenas de outros crimes foram cometidos pelos comunistas brasileiros, sem que houvessem sido registrados, escondidos pela "eficiência do trabalho executado".
Fica a critério dos leitores, a análise, ano a ano, da evolução da violência. Para ajudar, relembrem que, somente a partir do segundo semestre de 1969, o governo militar começou a dar uma resposta profissional à luta armada urbana. Até aí, foram muitas trágicas derrotas das forças legais.
Atualmente, a Comissão da Verdade esmera-se em "descobrir", apenas, um lado da moeda. Ingênuos são aqueles que reverberam contra essa atitude maniqueísta. Quem conhece um pouco de como pensam os comunistas, sabe que nunca admitirão a violência cometida em nome de uma ideologia. Todos aqueles que cometeram esses atos criminosos estão, hoje, devidamente empregados em cargos públicos, receberam polpudas indenizações e auferem pagamentos mensais. Nunca abandonarão essa sinecura. E, numa mentira que se assemelha à tática nazista de Goebbels, afirmam e reafirmam, insidiosa e cinicamente, que "lutavam pela democracia".
Enquanto isso, as famílias das vítimas não tiveram, como ainda não os têm, o  reconhecimento e o amparo da sociedade.
A elas, vítimas da sanha comunista, cabe a afirmação de Merleau-Ponty: "Admitir-se-á talvez que eles eram indivíduos e sabiam o que é a liberdade. Não espantará se, tendo que falar do comunismo, nós tentamos vislumbrar, através nuvem e noite, estes rostos que se apagaram da terra." 2
1 "Humanismo e Terror", Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1968, página 13.
2 "Humanismo e Terror", Editora Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, 1968, página 32.

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