Jornalista Andrade Junior

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Novo Dicionário Revolucionário - II

Direita no Brasil é xingamento, não pega as mulheres. Meu conselho é o seguinte: não interessa o que vocês pensem ou em quem votem, o importante é ser de esquerda, no máximo de centro, que por sinal é meio mal recebido nas festas do Sul do país. E ser de esquerda é fácil, é só concordar com tudo o que ‘ele’ diz e faz. Como não é o meu caso, me vejo obrigado a admitir que hoje em dia sou um comunista de direita, este mundo é cruel!

Zecamunista, personagem de João Ubaldo Ribeiro, em ‘Esquerda, Direita,’ O Globo, 16 de dezembro de 2012)
5. Direita e esquerda: estas palavras que, classicamente, já tiveram sua época, perderam todo o significado que identificava posições político-ideológicas antagônicas derivadas dos momentos decisivos pré Revolução Francesa quando os primeiro (nobres e militares) e segundo Estado (clero) sentaram-se à direita na reunião dos Estados Gerais, e o terceiro (a burguesia) à esquerda. Enquanto os primeiros desejavam manter a Monarquia absolutista dos Bourbons, a união entre Igreja e Estado e seus privilégios, a burguesia queria a Monarquia Constitucional ou a República (os jacobinos atropelaram qualquer possibilidade da primeira hipótese), a separação Igreja-Estado, a liberdade econômica, o fim dos privilégios de sangue, uma constituição democrática, a eleição do Parlamento pelo voto, a redução de impostos e outras concessões liberais. A esquerda, portanto, defendia o que hoje defendem os liberais e uma parte dos conservadores que pretendem conservar os ideais Republicanos, democráticos e da economia de mercado, retornando aos valores morais e religiosos abandonados pelo progressismo materialista baseado numa falsa noção de ciência anti-religiosa aplicada ao social. Desde as teses de Marx, os jacobinos revolucionários se apossaram do termo esquerda e tudo que se opõe a eles: mesmo a verdadeira esquerda republicana e democrática, é de direita.
Como diz a epígrafe, direita é sinônimo de xingamento, pois a nova língua foi influenciada pela linguagem militar e depois corrompeu esta linguagem. Basta ler algumas obras de Marx e principalmente de Lenin para perceber o caráter acusatório, beligerante, desafiador, ofensivo, difamatório da novilíngua revolucionária. As palavras perderam completamente o significado para se transformarem em mísseis ou balas de fuzil. O caráter comunicativo foi corrompido totalmente; a linguagem não serve para convencer, mas para acusar e intimidar.
6. Como corolário do anterior, a palavra ‘democracia’ também foi pervertida e do produto desta perversão apossaram-se os revolucionários retirando-lhe o caráter constitucional. Por exemplo: a ditadura do proletariado é o supra-sumo da democracia e o único caminho para atingi-la em sua plenitude.
A verdadeira história da democracia é a exposta por Robert Schuman: “a democracia deve sua existência à Cristandade. Nasceu no dia em que o homem foi chamado para tornar realidade seu compromisso diário com a dignidade da pessoa humana em sua liberdade individual, no respeito ao direito de todos e na prática do sentimento de irmandade em relação aos demais. Nunca, antes de Cristo, um conceito similar havia sido formulado” (em European Soul).
Igualmente, Konrad Adenauer afirmou: “a democracia é fundamentada no conceito cristão de liberdade individual. Em minha opinião, o mundo nunca conseguirá paz e liberdade a não ser que o conceito baseado nos princípios cristãos seja vitorioso, principalmente na educação dos jovens (Biography, p. 426).
Penso que o único princípio pelo qual vale a pena lutar é a liberdade individual, a paz é uma utopia! Defender a liberdade muitas vezes exige guerrear por ela. Como disse Patton: “perpetual peace is a futile dream” - a paz perpétia é um sonho fútil.

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