Jornalista Andrade Junior

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

ANÁLISE PERFEITA

Nelson Motta - O Estado de S.Paulo
>
> Se o mensalão não tivesse existido, ou se não fosse descoberto, ou se
> Roberto Jefferson não o denunciasse, muito provavelmente não seria
> Dilma, mas Zé Dirceu o ocupante do Palácio da Alvorada, de onde
> certamente nunca mais sairia. Roberto Jefferson tem todos os motivos
> para exigir seu crédito e nossa eterna gratidão por seu feito heróico:
> "Eu salvei o Brasil do Zé Dirceu".
>
> Em 2005, Dirceu dominava o governo e o PT, tinha Lula na mão, era o
> candidato natural à sua sucessão. E passaria como um trator sobre
> quem ousasse se opor à sua missão histórica. Sua companheira de armas
> Dilma Rousseff poderia ser, no máximo, sua chefe da Casa Civil, ou
> presidente da Petrobrás.
>
> Com uma campanha milionária comandada por João Santana, bancada por
> montanhas de recursos não contabilizados arrecadados pelo nosso
> Delúbio, e Lula com 85% de popularidade animando os palanques,
> massacraria Serra no primeiro turno e subiria a rampa do Planalto nos
> braços do povo, com o grito de guerra ecoando na esplanada: "Dirceu
> guerreiro/do povo brasileiro". Ufa!
>
> A Jefferson também devemos a criação do termo "mensalão". Ele sabia
> que os pagamentos não eram mensais, mas a periodicidade era
> irrelevante. O importante era o dinheirão. Foi o seu instinto
> marqueteiro que o levou a cunhar o histórico apelido que popularizou a
> Ação Penal 470 e gerou a aviltante condição de "mensaleiro", que
> perseguirá para sempre até os eventuais absolvidos.
>
> O que poderia expressar melhor a idéia de uma conspiração para
> controlar o Estado com uma base parlamentar comprada com dinheiro
> público e sujo? Nem Nizan Guanaes, Duda Mendonça e Washington
> Olivetto, juntos, criariam uma marca mais forte e eficiente.
>
> Mas, antes de qualquer motivação política, a explosão do maior
> escândalo do Brasil moderno é fruto de um confronto pessoal, movido
> pelos instintos mais primitivos, entre Jefferson e Dirceu. Como Nina
> e Carminha da política, é a história de uma vingança suicida, uma
> metáfora da luta do mal contra o mal, num choque de titãs em que se
> confundem o épico e o patético, o trágico e o cômico, a coragem e a
> vilania. Feitos um para o outro.
>
> O "chefe" sempre foi José Dirceu. Combativo, inteligente,
> universitário - não sei se completou o curso - fala vários idiomas,
> treinado em Cuba e na Antiga União Soviética, entre outras coisas. E
> com uma fé cega em implantar a Ditadura do Proletariado a "La Cuba".
>
> Para isso usou e abusou de várias pessoas e, a mais importante - pelos
> resultados alcançados - era Lula. Ignorante, iletrado, desonesto, sem
> ideais, mas um grande manipulador de pessoas, era o joguete ideal para
> o inspirado José Dirceu.
>
> Lula não tinha caráter nem ética, e até contava, entre risos, que sua
> família só comia carne quando seu irmão "roubava" mortadela no mercado
> onde trabalhava. Ou seja, o padrão ético era frágil. E ele, o
> Dirceu, que fizera tudo direitinho, estava na hora de colher os frutos
> e implantar seu sonho no país.
> Aí surgiu Roberto Jefferson... e deu no que deu.

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