Mero engano Governo já admite que Paulo Vieira, cúmplice de Rosemary, tinha forte influência sobre outra agência reguladora, a Antaq.
Carlos Newton - Tribuna da Imprensa - 03/01/2013
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a companheira Rosemary
Noronha julgavam que teriam uma trégua nas festas de fim de ano e seriam
esquecidos pelo noticiário do réveillon. Foi um engano. O cerco está
apertando cada vez mais.
Em plena comemoração do Ano Novo, o próprio
governo, através da Advocacia-Geral da União (AGU), já admite que Paulo
Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e apontado como
chefe do esquema de venda de pareceres, exercia forte influência também
em outra entidade reguladora, a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq).
A AGU já confirmou a
existência de irregularidades para favorecer várias empresas em
processos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Uma apuração
realizada pela Procuradoria da Antaq não teve a menor dificuldade em
comprovar que Paulo Vieira, apontado como chefe do esquema de venda de
pareceres em conluio com a ex-chefe de Gabinete da Presidência em São
Paulo, Rosemary Noronha, interferia também na Antaq e recorria ao
apadrinhamento político do ex-ministro José Dirceu e do deputado
Valdemar Costa Neto (PR) para fazer indicações e direcionar processos,
com a venda de pareceres.
Reportagem de Fábio
Fabrini, do Estadão, mostra que a Corregedoria da AGU diz já ter
analisado mais de 300 documentos da Antaq, da ANA e da Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac). O objetivo era identificar eventuais
influências externas nos pareceres de 23 procuradores dessas autarquias.
As apurações, iniciadas em 23 de novembro, até agora encontraram
irregularidades somente em processos da Antaq.
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MANDA QUEM PODE…
MANDA QUEM PODE…
A
matéria do Estadão não deixa margem a dúvidas. “O relatório da
correição na Antaq concluiu que Vieira exercia influência sobre
servidores que tinham ou não poder de decisão na agência. De acordo com
procuradores do órgão, ouvidos pela AGU, o ex-diretor entrava em
reuniões sem aviso prévio, desligando o ar condicionado; ameaçou de
exoneração o ex-procurador-geral Aristarte Gonçalves Júnior; emplacou o
motorista, Jailson Santos Soares, como ouvidor do órgão; e tentava
demonstrar “acintosamente” que tinha poder para indicações a altos
cargos públicos”, assinala o repórter Fábio Fabrini.
“Numa
ocasião, ele (Paulo Vieira) me convidou para ir até o José Dirceu e o
Valdemar Costa Neto porque queria me nomear procurador-geral“, contou,
em depoimento, o procurador Carlos Afonso, lotado na Antaq.
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DECISÕES SERÃO ANULADAS
DECISÕES SERÃO ANULADAS
Apesar
da pressa do governo, os trabalhos da comissão de sindicância criada
para investigar o ex-advogado-geral da União adjunto José Weber Holanda,
acusado de receber propina do grupo de Vieira, devem ser prorrogados
por mais um mês.
Diante dos indícios de crime
na troca e no sumiço de documentos, a Advocacia-Geral vai remeter o
relatório à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Além disso,
determinará o envio dos casos suspeitos para anulação de decisões
viciadas e abertura de processos disciplinares para identificar
eventuais responsáveis. Os servidores envolvidos podem ser punidos com
afastamento ou até demissão, é o que se espera
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