EDITORIAL O GLOBO
Comparem-se frases,
slogans, chavões, construções de raciocínio petistas contra as
imprescindíveis mudanças na regulação da exploração do pré-sal, enfim
executadas pelo Congresso, com frases, slogans, chavões e construções de
raciocínio da época da campanha do “petróleo é nosso”, nas décadas de
40 e 50 do século passado, cujo desfecho foi a criação da Petrobras, em
1953, e a conclusão é que nada mudou na ideologia nacionalista
brasileira, de esquerda ou direita, em todo este tempo.
Cabe
dizer, então, que o nacionalista nativo nada aprendeu e também nada
esqueceu. Se já era delirante a ideia da proteção de “nossas riquezas”,
hoje ela soa descabida, além de retrô. Não bastasse a constatação de que
os contratos de risco estabelecidos a contragosto pelo nacionalista
presidente-general Ernesto Geisel, em 1975, e o fim do monopólio da
estatal em 1997, por meio de FH, foram essenciais para a própria
descoberta do petróleo do pré-sal, sempre se soube que a empresa não
tinha a mínima condição financeira para explorar de forma monopolista
esta nova fronteira geológica de produção.
À parte a roubalheira
lulopetista no petrolão, responsável por bilhões em prejuízos na
estatal— já foram contabilizados em balanço R$ 6,2 bilhões nessa conta
—, os delírios estatistas que levaram a reservar a área do pré-sal para a
Petrobras passaram a degradar a situação financeira da própria empresa.
Inspirada
no fracassado programa de substituição de importações do governo
Geisel, na ditadura militar, a política de usar o poder de compra da
empresa para elevar na marra os índices de nacionalização de
equipamentos usados no setor de petróleo levou a grandes aumentos de
custo e a constantes estouros de prazos. O que pode acontecer de pior
para programas de investimento. No caso, a exploração do pré-sal.
Incrível
como a miopia ideológica leva à repetição de erros. Geisel pode ter
sido apanhado de surpresa. Lula e Dilma, não. Poderiam, inclusive, pedir
informações sobre o resultado daquele projeto geiseliano.
Não
faltam informações, também, sobre o antes e o depois da abertura da
exploração de petróleo a capitais privados estrangeiros e nacionais. O
slogan do “petróleo é nosso” empolgou muita gente, porém o óleo e o gás
se mantiveram durante décadas debaixo da terra, sem ajudar o país.
A
Petrobras se transformou em importante empresa, com qualificado quadro
técnico, muito experiente em especial na exploração em águas profundas.
Mas sem a flexibilização nas regras do pré-sal, ia-se voltar à época em
que o petróleo era “nosso”, mas não se produzia uma gota dele. E sem
abrir o pré-sal ao mundo, e como a Petrobras continua bastante
endividada, não haveria um novo leilão tão cedo, pela impossibilidade de
a estatal deter compulsoriamente 30% de todos os consórcios e ser a
operadora única deles. A própria Petrobras pedia as alterações que estão
sendo feitas.
extraídadeavarandablogspot
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