por Ricardo Orlandini.
Tudo continua como antes?
Não, tudo mudou e para pior, muito, mas muito pior mesmo.
Vivemos em um estado de guerra não declarado, em várias frentes de batalha, que procuramos varrer para baixo do tapete e fingir que nada acontece.
Morrem por dia no Brasil, em nossa guerra não declarada, mais de 300 pessoas.
Mais de 40 mil pessoas são mortas na frente do trânsito, local em que as baixas são crescentes desde os anos 70 do século passado (XX), quando já constatávamos que morriam mais pessoas no trânsito brasileiro do que na sangrenta Guerra do Vietnã.
Já na outra frente de batalha, a das cidades dominadas pela bandidagem, pelo crime organizado, são outras 100 mortes por dia.
Se adicionarmos a estes 300, também os mortos pelo descaso do Estado com a saúde pública, bom aí ganhamos da soma de todas as guerras no planeta.
Se alguém pensa que estou exagerando, está enganado. Os números estão aí, são públicos, são reais.
O que não tínhamos, ou pelo menos não queríamos ter ou ver, eram números para comparar com os nossos.
No mundo todo, morrem na Guerra do Trânsito, cerda de 3.250 pessoas por dia, sendo que 200 são no Brasil, algo como 6% do total mundial.
Já nas guerras de todo o mundo, morrem em média por dia 470 pessoas, por aqui, em nosso lindo país tropical são mais de 100 mortos por dia, o equivalente a 21% de todas as mortes violentas em guerras no mundo inteiro.
Chegou a hora de levantar o tapete e enfrentar de frente esta guerra não declarada.
A violência tomou conta de nossas cidades e o Estado brasileiro está perdendo essa guerra.
Falta de investimento, falta de ação, conivência com o crime organizado, e aí vai uma série de políticas incompetentes que resultaram nesse desastre.
Para nós gaúchos que imaginávamos estar longe também da Guerra do Rio, já vivemos realidade similar em várias regiões da Grande Porto Alegre.
A Guerra no Rio de Janeiro continua cada vez pior, como assistimos nos últimos dias, mas nossa capital, Porto Alegre, está entre as mais violentas do mundo, e não é invenção minha, é fato.
Outro dia uma pessoa que trabalha para minha mãe não apareceu no trabalho. No dia seguinte chegou apavorada pois tinha visitado sua irmã em Porto Alegre e não consegui voltar para sua casa em Viamão pois os traficantes declararam “toque de recolher”.
É Porto Alegre gente, não é Rio de Janeiro nem Síria.
Até quando?
extraídadepuggina.org
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