Jornalista Andrade Junior

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

"Mudança de rumo",

editorial da Folha de São Paulo

O Banco do Brasil, maior instituição financeira do país, anunciou na semana passada uma série de medidas para reduzir custos, visando a aumentar sua lucratividade nos próximos anos.

Com o argumento de adaptar-se à realidade da nova era digital, em que muitos clientes fazem suas transações pela internet, o banco público vai fechar 402 agências (7,4%) e transformar outras 379 (7%) em postos de atendimento. Isso deve resultar, segundo a instituição, em economia anual de R$ 750 milhões, o equivalente a cerca de 1,7% das despesas com suas operações nos últimos 12 meses.

Também foi anunciado um plano de incentivo à aposentadoria para o qual são elegíveis 18 mil funcionários (16,5% do total). Calcula-se que, se houver uma adesão de 30%, os desligamentos podem levar o banco a poupar quase R$ 1 bilhão a mais anualmente.

Analistas do setor financeiro consideraram as medidas como um passo na direção certa, por sinalizarem mudança de rumos em relação à condução dos bancos públicos nos últimos anos.

Como reação à crise financeira global de 2008, o governo Lula usou essas instituições para aumentar a oferta de crédito. A resposta parecia adequada em um primeiro momento, dada a magnitude do desastre nos países desenvolvidos. 

Deveria, porém, ter sido moderada a partir dos primeiros sinais de recuperação.

Ocorreu justamente o oposto disso. A administração de Dilma Rousseff dobrou a aposta, ampliando significativamente os empréstimos. Continuou, numa manobra ainda pior, a pisar no acelerador mesmo quando surgiram claros indicadores da atual crise econômica doméstica. Insistiu na rota para o precipício quando o endividamento de famílias e empresas já era visto como ameaça à capacidade de consumo e investimento.

Essa política pouco guiada por critérios técnicos prejudicou a lucratividade do banco e não surtiu os efeitos esperados em termos de retorno social. Grandes empresas com fácil acesso a crédito e menor potencial inovador foram as maiores beneficiadas, e o efeito dessa estratégia sobre os investimentos não se mostrou significativo.

O desafio da instituição agora é conciliar a busca por resultado e eficiência com o compromisso de aumentar o acesso da população carente a serviços bancários, num quadro de fechamento de agências.

As mudanças anunciadas conotam maior racionalidade na direção dessa gigantesca instituição financeira. O caminho até a plena recuperação, entretanto, será longo.
















extraídaderota2014blogspot

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