MIRANDA SA
“Essa reforma ministerial é um balaio de caranguejos. Uns caranguejos entrando, outros saindo.” (Leonel Brizola)
Procurei
como louco a etimologia da palavra ‘balaio’ e não encontrei em canto
nenhum. Embora sendo uma produção artesanal indígena, pré-cabraliana,
não consta do “Pequeno Vocabulário Tupi, do padre A. Lemos Barbosa, nem
do clássico “Diccionario da Lingua Tupy” do erudito e poeta Gonçalves
Dias.
O
verbete dicionarizado é Balaio – Substantivo Masculino, um cesto de
diversos tamanhos, formatos e materiais. É geralmente encontrado pelo
Brasil afora feito de palhas de milho, de bananeiras e palmeiras, bambu,
cipós, fibras de agave e taquara, com a serventia de guardar ou
carregar alimentos, coleta de vegetais, objetos vários e roupas.
É
riquíssima a sua sinonímia; na gíria designa quadris ou bundas
volumosas, trazendo como exemplo “a moça movia o seu balaio com graça”…
(Dicionário de Gíria – J.B. Serra e Gurgel).
A
expressão popular inspirou vários cancioneiros, absorvendo do folclore
versos de modinhas antigas. O compositor Barbosa Lessa assumiu uma das
versões de “Balaio” que foi lindamente interpretada por Inezita Barroso,
e também, referindo-se à interpretação do folclore, por Kleiton e
Kledir.
Pesquisadores
das tradições gaúchas encontraram “Balaio”, uma dança sapateada e, ao
mesmo tempo, de conjunto, muito popular no Rio Grande do Sul. E na
expressão gauchesca do nosso epigrafado, Leonel Brizola, aparece “balaio
de caranguejos”, com o mesmo significado de “balaio de gatos”, bagunça,
confusão, embaraço e encrenca.
A
política brasileira – como legado da Era Lulopetista – tem a
interpretação exemplar nas idas e vindas do Governo Temer, herdeiro
legítimo da impichada Dilma Rousseff, pois além de eleito com ela,
substituiu-a no espírito da Lei.
Prometendo
enxugamento do ministério, o presidente sucessor aboliu o Ministério da
Cultura, uma jabuticaba instituída para servir de cabide de empregos e
‘otras cositas más”. Só existe no Brasil. Pois bem, uma meia dúzia de
três ou quatro “artistas”, amamentados pelas tetas generosas da Lei
Rouanet espernearam, e Temer voltou atrás.
Seria
enfadonho – e ocuparia este precioso (para mim) espaço, os ministros
que entraram e saíram como caranguejos, denunciados por atos corruptos,
mostrando a insegurança reinante no Palácio do Planalto, cujas
vacilações vimos na declaração pública de Temer dizendo-se preocupado
com a prisão de Lula, que produziria ‘instabilidade’ no País.
Prá
não dizer que só falei das flores planaltinas, temos um ‘balaio de
gatos’ aberto no Rio de Janeiro, com a prisão de dois ex-governadores,
Garotinho e Cabral, este último arrastando consigo os sócios do Clube
dos Guardanapos.
Garotinho,
preso sob denúncia de crime eleitoral, mostrou o artista que é,
ensaiando uma doença de última hora, que nunca apresentou sintomas;
revelando temor pela prisão e o pavor de ir para um hospital público,
como se ali fosse um centro de tortura… Com manhas e encenação,
engabelou uma juíza do TSE – que parece ser um tanto ‘heterodoxa’…
O
outro, Sérgio Cabral, não se revelou agora. É difícil imaginar o porquê
da Polícia, da Procuradoria e da Justiça levar tanto tempo para
denunciá-lo. Se o investigaram, choveram no molhado pois a prática
corrupta cabraliense atravessou dois mandatos, disputou uma Copa do
Mundo e treinou para a Olimpíada, tendo principal modalidade o salto
tríplice das propinas…
Nos
balaios com patas caranguejeiras ou estridentes miados de gatos,
tivemos a cínica, despudorada e mentirosa declaração de Dilma, ao dizer
que nunca foi aliada de Cabral. Essa falsidade envolve todos os seus
codinomes, Estela, Vanda, Patrícia e Luiza como guerrilheira; pela
segurança presidencial “Torre de Cristal”, no caderno das propinas,
“Dulce Maia” e agora, como futura escritora, o heterônomo “Janete”. Ela
é muitas, mas o seu DNA da depravação é um só…
EXTRAIDADATRIBUNADAIMPRENSA
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