AÉCIO NEVES FOLHA DE SP
As recentes
investigações trouxeram luz à forma com que eram administrados os fundos
de pensão das principais empresas estatais brasileiras, revelando a
ponta de um iceberg de proporções olímpicas.
Em 2014, através de
representação impetrada junto ao MPF e durante a campanha eleitoral, o
PSDB já denunciava as visíveis ilegalidades que vinham sendo cometidas.
Basta
dizer que o patrimônio dos quatro principais fundos, somado, chega a R$
283 bilhões e faltam R$ 48 bilhões para honrar os compromissos de
aposentadorias futuras com cerca de 611 mil funcionários das estatais.
Ou seja, um deficit equivalente a 17% do valor total dos ativos.
Os
gestores desses fundos chegaram a investir recursos em instituições em
graves dificuldades —algumas, inclusive, acabaram falindo— e até mesmo
em títulos públicos da Venezuela. Foram sucessivos negócios lesivos ao
patrimônio dos trabalhadores, mas que atendiam à lógica da manutenção do
projeto de poder do PT.
Além de punir exemplarmente quem usurpou
o patrimônio público e prejudicou milhares de famílias, há que se saber
identificar as falhas de governança que propiciaram a execução de
crimes em tamanha escala.
Contribuíram para o desastre a nefasta
apropriação política, a ausência de controles, a baixa qualificação
profissional e a inexistência de barreiras contra conflitos de
interesses, em um cenário que exige sofisticação crescente.
Projeto
dos senadores Paulo Bauer e Valdir Raupp, por mim relatado em parceria
com a senadora Ana Amélia, e aprovado por unanimidade no Senado, cria um
novo paradigma para a administração desses fundos.
O projeto
investe em controles, com reforço do papel do conselho fiscal; em
responsabilização de conselheiros e auditores, com a introdução do
conceito de responsabilidade solidária contido na Lei das S.A; na
profissionalização dos conselhos e da diretoria, cuja relação passa a
ser mediada por contrato de gestão, com diretores escolhidos por
processo seletivo em edital público e com a adição de membros
independentes aos conselhos; e lida de forma rigorosa com os conflitos
de interesse, por exemplo, ao vedar indicações de quem exerceu cargos
executivos em partidos políticos. Na Câmara, sob relatoria do competente
deputado Marcus Pestana, o projeto deverá ser votado ainda esse mês.
Espera-se
do Congresso a compreensão da urgência e importância dessa iniciativa e
da necessidade de que a mesma não seja desfigurada, preservando os
princípios da boa governança, em contraposição aos interesses
corporativos e conveniências políticas que deram origem à criminosa
irresponsabilidade que atingiu os fundos e a vida de milhares de
trabalhadores brasileiros.
extraídadeavarandablogspot




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