editorial de O Globo
Um dos mais patéticos e até irônicos resultados dos 13 anos de
lulopetismo foi o grupo político que se arvorava em ícone da moralidade
ter promovido um escândalo de corrupção com repercussão mundial. O outro
foi o escândalo ter sido armado dentro da Petrobras, empresa-símbolo do
nacionalismo, de que o lulopetismo jurava defender dos “entreguistas”.
Na prática, quebraram a empresa. Ela só não pediu recuperação judicial por ser do Estado.
E obrigaram-na a fazer duro ajuste, com a venda de ativos. Entenda-se:
os estatistas do PT são os responsáveis pela maior privatização feita
dentro do grupo Petrobras. Esta é para os livros de História.
Pessoa adequada para tratar da reconstrução da empresa, Pedro Parente —
responsável, na era FH, pelo programa de emergência de instalação de
termelétricas numa séria crise de energia — apresentou, nesta semana,
como presidente da estatal, o Plano de Negócios da empresa para o
período de 2017 a 2021.
Aldemir Bendine, último presidente da Petrobras no governo Dilma, já
fora obrigado a fazer cortes em investimentos. Diante da realidade da
maior dívida corporativa do planeta — chegou a meio trilhão de reais —,
não havia mesmo saída a não ser cortar. E vender.
Com Pedro Parente, os investimentos orçados em US$ 74,1 bilhões, para
este Plano de Negócios, representam uma redução de 25% comparados com os
do período anterior, de 2015 a 2019. Não existe alternativa.
Sem o lulopetismo, o plano de venda de subsidiárias e participações
prosseguirá sem culpas ideológicas. Por exemplo, ontem foi anunciado o
acordo com um consórcio canadense, sob a liderança da Brookfield, para a
venda de 90% da subsidiária Nova Transportadora Sudeste, por
aproximadamente US$ 5,2 bilhões.
É preciso reduzir de forma drástica o endividamento. De uma relação
entre dívida líquida e geração de caixa de 5,3 vezes no ano passado, a
meta é chegar a 2,5 em 2018. Por isso, além da redução de custos
operacionais, o novo plano de negócios prevê uma receita de US$ 19,5
bilhões em vendas de ativos e atração de novos sócios.
Um ponto fundamental é a política de preços que seguirá a empresa. Pedro
Parente diz que acabou o tempo de interferência do Planalto no assunto.
O último caso desastroso neste campo foi o congelamento de preços
imposto pelo Planalto em 2014, para ajudar a reeleição de Dilma.
Esta liberdade para a empresa é essencial na atração de sócios e de
grupos que desejem adquirir subsidiárias. Ninguém investirá se temer que
sua margem de rentabilidade cairá devido a uma eleição. Chegou o
momento de atrelar de fato os preços internos de combustíveis ao mercado
internacional, e de forma transparente.
Há, ainda, a necessidade de o Congresso ajudar no soerguimento da
empresa, com a mudança das regras estatistas e ilusórias de exploração
do pré-sal. Enquanto a Petrobras for obrigado por lei a ser monopolista
na operação nesta área, sem dinheiro para isso, não haverá novas
licitações. E sem alterações nos índices irreais de nacionalização de
equipamentos usados nos investimentos em exploração, pouco se avançará. A
ressurreição da Petrobras é uma operação multidisciplinar.
extraídaderota2014blogspot
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