MIRANDA SÁ
As
“grandes religiões” se despedem dos seus mortos de maneira diferente,
algumas curiosas e extravagantes. No Hinduísmo, a maioria dos hindus é
cremada. Se o morto é chefe de família, seu primogênito faz o trajeto
segurando a tocha que ateará fogo à pira. As cinzas do morto são
espalhadas ao vento ou guardadas no oratório da família. Chorar no
ritual não é bem-visto.
De
acordo com o Islamismo o enterro ocorre o mais rápido possível; o corpo
é perfumado com cânfora e posto no caixão virado à direita com o rosto
voltado para Meca.
O
Judaísmo promove a higienização do cadáver realizada por não
familiares; após o asseio, vestem-no com uma mortalha de algodão ou
linho. Os atendentes, pedem em oração perdão ao morto pelo incômodo.
No
Cristianismo a cerimônia de sepultamento é simples. Quando o velório
não ocorre no cemitério, familiares e amigos carregam o caixão até
a cova; mas os católicos fiéis ao clero também encomendam as exéquias.
As
exéquias são os funerais da liturgia católica, com a Igreja oferecendo
pelos mortos o Sacrifício eucarístico, memorial da Páscoa de Cristo.
Como mistério, as exéquias se realizam com o corpo aguardando a vinda do
Salvador e a ressurreição dos mortos.
Na
confusão que se faz no cenário político brasileiro entre religião e
ideologia, acompanhamos as honras fúnebres da seita lulo-petista da
falecida presidente Dilma, apeada do cargo pela eutanásia do
impeachment.
Uma
das homenagens post-mortem de Dilma ocorreram com barulhentos
quebra-quebras nas ruas de São Paulo. A liturgia black-blocs se parece
com os ritos mortuários xintoístas, muito barulho, chocalhos, campainhas
e apitos.
No
Rio e em Brasília, assistimos enterros de desvalido, com pouquíssimas
presenças e a maioria de pessoas que gozavam da intimidade da
ex-autoridade defunta. No Nordeste, além das tradicionais carpideiras
pagas para chorar encenando desespero, o culto foi a expressão de
bolsistas da morte…
Não
ouvi falar de Belo Horizonte e Vitória, mas em Curitiba e Floripa o
cerimonial, com pouca gente, lembrou a “Serra da Velha” que acontece
tradicionalmente na Quaresma, uma lúdica comitiva que percorre as ruas
satirizando pessoas alcoviteiras e faladeiras.
Em
Porto Alegre as cerimônias fúnebres de Dilma têm sido continuadas,
pouca gente, mas constante no inconformismo com a sua ida e pedindo a
sua volta…
A
massa do povo brasileiro, que pediu o fim da corrupção e o impeachment
nas ruas, vive um carnaval fora de época continuado, mas incompleto.
Nessa funérea festividade do sepultamento de Dilma ficou faltando sua
punição constitucional como infratora da Lei de Responsabilidade e ainda
se carece das exéquias de um partido que se transformou numa
organização criminosa.
O
fim da imoralidade pública deve ser festejado como em Gana, na África,
que no ensinar do grande Câmara Cascudo, a morte é sinônimo de alegria.
Assim (e obrigatoriamente), os brasileiros exibem contentamento com a
morta-viva Dilma putrefazendo os vírus contagiosos da maldade…
Os
lulo-petistas já antecipam o velório do outro zumbi, Lula da Silva, que
está na UTI da justiça respirando pelos aparelhos das copiosas provas
apresentadas pelo MPF na denúncia ao juiz Sérgio Moro que,
considerando-o réu, apressa as redações da imprensa a elaborar o seu
epitáfio político.
Resta
um consolo aos fanáticos seguidores da estrela da corrupção, o
pensamento que Millôr nos deixou: “Do mundo nada se leva. Mas é
formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus.”
EXTRAÍDADEATRIBUNADAIMPRENSA
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