Carlos Newton
Em nota divulgada neste domingo (31) em seu site, o Instituto Lula diz que adversários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentam criar um escândalo, “a partir de invencionices” no episódio envolvendo a suposta propriedade de um apartamento em um condomínio no Guarujá, litoral paulista.
Como se sabe, na semana passada, o Ministério Público de São Paulo intimou o ex-presidente e a mulher dele, Marisa Letícia, para prestar depoimento como investigados, no dia 17 de fevereiro, sobre um imóvel tríplex, no Condomínio Solaris, no Guarujá. A suspeita do Ministério Público Federal é de que proprietários de apartamentos do condomínio usaram o nome de terceiros para ocultar patrimônio.
O APARTAMENTO ERA OUTRO?
Mostrando imagens de documentos relativos ao negócio, a nota redigida pelos advogados de Lula faz um histórico a respeito da cota em um empreendimento da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Segundo o texto, a mulher de Lula, Marisa Letícia, pagou, entre maio de 2005 e dezembro de 2009, as prestações mensais e intermediárias do carnê da Bancoop.
“Como fez para cada associado, a Bancoop reservou previamente uma unidade no futuro edifício – no caso, o apartamento 141, uma unidade-padrão, com três dormitórios (um com banheiro) e área privativa de 82,5 metros quadrados”.
VENDIDO A OUTRA PESSOA?
A nota do Instituto Lula diz que, ao fim desse período, a Bancoop passava por crise financeira e estava transferindo vários de seus projetos a empresas incorporadoras, entre elas a OAS. A família, mesmo não tendo aderido ao novo contrato com a “incorporadora OAS, manteve o direito de solicitar a qualquer tempo o resgate da cota de participação na Bancoop e no empreendimento” e como não houve adesão ao novo contrato, a unidade foi vendida para outra pessoa.
Na nota, o instituto diz que o ex-presidente, na condição de cônjuge em comunhão de bens, declarou ao Imposto de Renda “regularmente a cota-parte do empreendimento adquirida por sua esposa” e que a informação consta da declaração de bens de Lula como candidato à reeleição, registrada no Tribunal Superior Eleitoral em 2006.
DISPONÍVEL PARA VENDA?
Segundo o texto, redigido pelos advogados de Lula, um ano depois de concluída a obra do Edifício Solaris, o ex-presidente Lula e Marisa Letícia visitaram, junto com o então presidente da OAS, Léo Pinheiro, o apartamento tríplex que estava disponível para venda e que foi a única vez em que Lula esteve no local. “Marisa Letícia e seu filho Fábio Luís Lula da Silva voltaram ao apartamento, quando ele estava em obras. Em nenhum momento, Lula ou seus familiares utilizaram o apartamento para qualquer finalidade.”
A nota acrescenta que a família desistiu da compra, “mesmo tendo sido realizadas reformas e modificações no imóvel (que naturalmente seriam incorporadas ao valor final da compra) e que as “notícias infundadas, boatos e ilações romperam a privacidade necessária ao uso familiar do apartamento”.
AS MENTIRAS CONTINUAM
Não precisa ser do Ministério Público nem da Polícia Federal para constatar que a nova versão do Instituto Lula não se sustenta. Pelo contrário, representa uma confissão de culpa, porque esta é terceira versão “oficial” sobre o caso do triplex. Em dezembro de 2014, o mesmo Instituto Lula afirmou ao Globo que Lula era proprietário do apartamento triplex no Condomínio Solaris, na Praia das Astúrias, no Guarujá, e que ele havia pago o imóvel em prestações ao longo dos anos.
Uma semana depois, o Instituto Lula mudou a versão, passando a alegar que dona Marisa Letícia Lula da Silva é que seria proprietária de uma cota de participação da Bancoop, cooperativa responsável pelo início das obras, depois assumidas pela empreiteira OAS. Agora, vem o mesmo Instituto e diz que o imóvel de Lula/Marisa não era o triplex 164A, mas o modesto apartamento 141, de apenas 82,5 m².
Acontece que o documento exibido pelo Instituto Lula mostra dona Maria comprando o apartamento 141 do Edifício Navia, mas o triplex 164A fica no Edifício Solaris. Quer dizer, além de ser outro apartamento, o prédio também mudou (são várias unidades da Bancoop no local, há também o Edifício Gijon).
Os documentos exibidos este fim de semana pela IstoÉ e as testemunhas já ouvidas pelo Ministério Público mostram o contrário – que o apartamento dos Lula da Silva era o 164A do Edifício Solares. E a gente fica pensando em quem deve acreditar: em Lula ou no Instituto Lula?
extraidadetribunadainternet
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